Por Portal do Agronegócio
O mercado aquícola vem despontando como um dos mais promissores do Brasil. Nos últimos seis anos, segundo levantamento da Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR), o setor deu um salto de 38,7% no volume cultivado. Em 2020, foram produzidas cerca de 900 mil toneladas de peixes, totalizando mais de R$ 8 bilhões de receita. Contudo, para garantir o alto desempenho, o segmento precisa superar inúmeros obstáculos, entre eles, o inverno. A estação é um dos grandes desafios impostos aos piscicultores nacionais, que devem aumentar os cuidados com manejo e nutrição animal.
Como os peixes são extremamente suscetíveis a variações térmicas, responsáveis por maior proliferação de doenças e de mortalidade em viveiros, a atenção com alimentação deve ser redobrada, diminuindo os efeitos da desaceleração metabólica e da baixa ingestão de vitaminas e minerais típicas do período, que comprometem a produtividade e podem causar grandes perdas.
Pensando nisso, especialistas garantem que o primeiro investimento deve ser em nutrição. De acordo com João Manoel Alves, zootecnista e gerente de produtos para aquicultura da Guabi, o momento pede o uso de rações de qualidade, capazes de aumentar a absorção nutricional e reduzir a excreção, mantendo a qualidade da água. “Se o animal estiver nutrido e em um ambiente saudável, sua resistência a patógenos aumentará. Além disso, uma boa alimentação no inverno contribui para que o ganho compensatório seja maior nas fases posteriores”.
A partir de uma dieta balanceada, portanto, é possível mitigar a mortalidade e chegar à primavera com uma maior promessa de desenvolvimento e rentabilidade. “Garantindo boas condições de bem-estar durante temperaturas mais baixas, os criadores podem diminuir o ciclo de produção em mais de 30 dias. Ou seja, alcançar o desempenho anual em apenas 11 meses, com um crescimento simples e barato”, explica.
Cuidados com manejo
Outro fator essencial para reduzir danos durante a transição de estações é o controle do estresse no cultivo. De acordo com Alves, mudanças na rotina dos viveiros, como transporte e vacinação, devem ser feitas ainda no verão, quando os animais estão mais fortes e resistentes. Também é interessante, já no começo do outono, categorizar peixes de tamanhos diferentes em tanques distintos. Essa organização permite um trato específico, separando os que já estão perto do peso de abate e podem ter uma dieta mais espaçada daqueles que ainda vão levar alguns meses, após o inverno, para alcançar os padrões de consumo. “ Se você já tem um peixe grande, pode reduzir bastante a alimentação dele nas baixas temperaturas. Deixar peixes que estão em fases diferentes, em um mesmo ambiente, pode fazer com que alguns, por conta da rotina alimentar, passem do peso de comercialização e gerem um custo desnecessário”.
Alves ainda reforça a importância de que a água seja trocada antes das baixas térmicas e do período de escassez de chuvas. “Estamos nas últimas semanas de manejo na piscicultura. Mexer com esses animais no frio pode causar uma série de problemas e elevar os índices de mortalidade. Por isso, os cuidados nos próximos meses devem ser apenas com o fornecimento adequado de nutrientes e com a manutenção da qualidade da água, como acompanhamento do pH, controle de transparência e oxigenação ”, alerta.
Fonte: Centro de Comunicação