Após perder força em maio, o IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15) voltou a registrar aceleração em junho, ficando em 0,69% na passagem do mês, informou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta sexta-feira (24). O número é 0,10 ponto percentual (p.p.) maior que a taxa de maio (0,59%).
O índice é considerado uma “prévia da inflação oficial”.
O subitem de maior influência na taxa do mês foi planos de saúde, disse o instituto, que subiu 2,99% e representou 0,10 p.p. no resultado.
Em comparação com junho do ano passado, porém, o índice desacelerou para 12,04%, abaixo dos 12,20% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores.
A mediana das expectativas de analistas de mercado apontava para 0,68% na comparação mensal e 12,03%, na anual.
Todos os grupos de produtos e serviços pesquisados apresentaram alta em junho, com destaque para o grupo de Transportes, que subiu 0,84%, uma desaceleração em relação a maio (1,80%). O grupo respondeu por 0,19 p.p. no índice geral.
“A desaceleração do grupo se deu pela queda nos preços dos combustíveis (-0,55%), que haviam subido 2,05% em maio. Embora tenha sido registrado aumento em óleo diesel (2,83%), o etanol e a gasolina caíram 4,41% e 0,27%, respectivamente”, disse o IBGE.
Vale ressaltar que o número de junho ainda não reflete o último reajuste feito pela Petrobras no preço dos combustíveis.
Entre as altas desse grupo, o instituto destaca passagens aéreas (11,36%), o seguro voluntário de veículo (4,20%) e o emplacamento e licença (1,71%). Também subiram de preço as motocicletas (1,66%), os automóveis novos (1,46%) e os automóveis usados (0,12%).
Já a maior variação do mês foi do grupo Vestuário (1,77% e 0,08 p.p.).
O grupo de Saúde e cuidados pessoais é outro destaque entre as altas, com avanço de 1,27% no mês e 0,16 p.p. de contribuição no índice de junho, “muito por conta dos planos de saúde, que sofreram reajuste de até 15,5% autorizado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) em 26 de maio, com vigência a partir de maio de 2022 e cujo ciclo se encerra em abril de 2023”, diz o IBGE.
No grupo, influenciou também a alta de 1,38% nos produtos farmacêuticos, com impacto de 0,05 p.p. no índice do mês.
O grupo Habitação, que havia registrado a única queda de maio (-3,85%), subiu 0,66% em junho, influenciado pela taxa de água e esgoto (4,29%). Nesse setor, a pesquisa ressalta o reajuste de 20,81% em Belém, a partir de 28 de maio; de 12,89% em São Paulo, a partir de 10 de maio; e de 4,99% em Curitiba, a partir de 17 de maio.
A alta de 2,04% no subitem gás encanado também foi citado pela pesquisa como importante contribuição.
Entre as quedas do grupo Habitação, o destaque é energia elétrica (-0,68%).
“A partir de 16 de abril, passou a valer a bandeira verde, em que não há cobrança adicional na conta de luz. Desde setembro de 2021, estava em vigor a bandeira Escassez Hídrica, com acréscimo de R$ 14,20 a cada 100 kWh consumidos”, diz o IBGE.
As variações das áreas foram desde -3,42% em Brasília até 6,16% em Recife, onde houve reajuste de 18,77% nas tarifas, válido desde 29 de abril. Em 22 de abril, foram aplicados reajustes tarifários de 24,23% em Fortaleza (5,07%) e de 20,97% em Salvador (3,72%). Outro subitem que apresentou queda em junho foi gás de botijão (-0,95%).
O instituto destaca ainda que o grupo Habitação é o único com queda no trimestre (-1,54%), puxado pelo resultado de maio (-3,85 %) influenciado pelo item energia elétrica.
Já o grupo Alimentação e bebidas desacelerou a 0,25% após subir 1,52% em maio. “O resultado teve influência dos alimentos para consumo no domicílio, que saíram de 1,71% em maio para 0,08%. O subitem leite longa vida, que havia subido 7,99% em maio, registrou 3,45% de alta em junho”, diz a pesquisa.
O IBGE também destaca as quedas nos preços da cenoura (-27,52%), do tomate (-12,76%), da batata-inglesa (-8,75%), das hortaliças e verduras (-5,44%) e das frutas (-2,61%).
Também teve desaceleração de maio para junho a alimentação fora do domicílio, que foi de 1,02% para 0,74% na passagem do mês. O destaque aqui foi o item lanche, com alta de 1,10%, frente à variação de 1,89% no mês anterior.
Todas as regiões pesquisadas tiveram alta em junho. “A maior foi em Salvador (1,16%), especialmente por conta da gasolina (4,25%) e do reajuste de 20,97% nas tarifas de energia elétrica (3,72%). Já a menor alta foi em Belém (0,18%), influenciada pela queda nos preços do açaí (-8,08%) e da gasolina (-1,70%)”.
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