Cabelos grisalhos, baixa estatura, postura aparentemente frágil… Quem cruza o caminho ou até mesmo esbarra em Roberto Medina não imagina que, por trás daquela imagem de senhor, habita a mente de titânio responsável pelo maior festival de música do país, o Rock in Rio. Agora, aos 75 anos de idade, o empresário se prepara para lançar mais um evento musical de grandes proporções: o The Town. Em entrevista para o Portal POPline, ele falou sobre o projeto, o cuidado com a experiência do visitante, compromisso social e até Bruno Mars!
LEIA MAIS:
De maneira leve e descontraída, o papo com Medina aconteceu durante um dos intervalos do ensaio geral de “The Town – O Musical“, realizado na última semana. Criado por ele mesmo, com argumento, direção musical e trilha original de Zé Ricardo, e concepção, texto e direção geral de Charles Möeller, a peça conta a história de um músico do interior de São Paulo focado em realizar seus sonhos que, após ver um comercial do The Town na televisão, parte em uma jornada inesquecível até se apresentar no festival.
Para Roberto, o espetáculo é “parte de uma evolução que meu projeto tem de entregar uma experiência.” Aliás, experiência é a palavra chave para o empresário! Ele explica que, desde a primeira edição do Rock in Rio, em 1985, tinha em mente que era preciso mais do que um palco e uma banda para atrair milhares de pessoas por dia e criar um verdadeiro movimento nacional. Era preciso pensar em como seria o dia do visitante ao festival, de sua entrada até a saída, e no que ele iria e poderia fazer além de assistir aos shows.
“A vida da pessoa naquele dia, essas 12 horas que você vive, é um negócio que eu quero cuidar. Vai do banheiro à grama sintética, da cenografia às torres… Eu não aceito que não esteja bonito. ‘Ah, mas muitas pessoas não percebem’. Eu percebo. Quero dar o melhor de mim para as pessoas“, pontua Medina.
Atento a todos os detalhes do The Town, que acontecerá em São Paulo entre os dias 02 e 10 de setembro, o carioca conta que, mesmo já tendo trabalhado por cerca de um ano na cidade no passado, viajou algumas vezes até a capital paulista durante a concepção do festival para entender melhor o funcionamento e o ritmo cotidiano da metrópole; que do seu ponto de vista, possui uma pegada diferente do Rio de Janeiro. Desse modo, ele foi capaz de desenvolver a estética singular do evento! “Eu procurei interpretar a música de São Paulo e a arquitetura de São Paulo“, afirma.
“São Paulo é isso, é esse chamado à glória! Alguns conseguem, outros mais ou menos, mas enquanto você está sonhando com a glória, você é glorioso“, declara o empresário.
Referências, inspirações e compromisso social
Ao longo dos anos, Roberto Medina estabeleceu um padrão de qualidade com o Rock in Rio, colocando o festival na rota dos maiores eventos de música ao redor do mundo. “Uma coisa que me orgulha como brasileiro, é que a gente virou referência para o mundo. Os artistas tremem quando entram no Rock in Rio! Eles morrem de medo porque é história, então eu quero dar o primeiro passo de uma história no The Town. Eu quero que o The Town tenha essa personalidade, que entre na vida das pessoas“, confessa.
Outro objetivo do empresário com o novo festival é inspirar o público que passar por ele, não somente com a temática do musical (sobre sonhos e perseverança), mas com o conjunto da obra. “A juventude está precisando que as coisas deem certo. Tem muita coisa dando errado na vida da gente, não no Brasil, mas no mundo. Então poder criar uma bolha de alegria é tudo de bom“, avalia.
Ele também defende a ideia de que um evento dessa magnitude precisa gerar um impacto na sociedade, que permaneça na vida das pessoas após sua realização. Por isso, ao lado da ONG Gerando Falcões e do SEBRAE, o The Town irá ajudar 400 famílias da Favela do Haiti, localizada na região sudeste de São Paulo. O objetivo é incrementar a vida de quem mora na comunidade com melhorias no esgoto, na estrutura das residências, implantação de energia solar, construção de escola com cursos profissionalizantes, entre outros pontos de ação.
LEIA MAIS:
“Tem que ter um compromisso do evento com a cidade. (…) Eu sou um tambor, eu tenho que bater o tambor para criar política pública. (…) Acho que a música é um indutor muito interessante para os processos sociais“, pontua.
Medina ainda acrescenta que, ao buscar o apoio de empresas para patrocinar o festival e suas ações sociais, utiliza o argumento de que fazer o bem dá lucro. “O teu produto se diferencia porque ele está comprometido com alguma coisa de verdade“, defende.
Bruno Mars duas vezes
Antes de encerrar a entrevista, Roberto Medina falou sobre a polêmica decisão de ter o cantor Bruno Mars como headliner de dois dias do festival (03 e 10). Algumas pessoas aprovaram da ideia, enquanto outras, foram contra. “Na minha avaliação pessoal, se ele ficar oito dias ele vai lotar oito dias. Era uma questão muito mais da agenda dele, senão faria mais! Eu acho o melhor show do mundo, mas aí eu sou fã“, conta empolgado.
“O mínimo que eu poderia fazer eram dois dias. (…) Ele lota o tempo que você quiser! Quando o pessoal começar a olhar o show dele… É impecável! Ele não precisa de luz, ele não precisa de nada. Ele é um Michael Jackson de agora! Eu estou há um ano conversando isso com o agente dele. Estava obcecado na ideia de trazê-lo, então estou feliz da vida“, conclui.
De todo modo, a 1ª edição do The Town terá atrações para todos os gostos. Além de Bruno Mars e do espetáculo “The Town – O Musical“, o festival também terá shows de Alok, IZA, Pitty, Post Malone, Maroon 5, Ne-Yo, H.E.R., Bebe Rexha, Ludmilla, Foo Fighters, Queens of the Stone Age, Kim Petras, e muito mais.
Os ingressos começarão a ser vendidos dia 18 de abril, às 19h, no site da Ticketmaster.