Adeus ano velho, feliz ano-novo! Faltando menos de duas semanas para a chegada de 2024, ainda dá tempo de organizar a vida financeira e iniciar janeiro no azul? Especialistas em finanças ouvidos pelo Midiamax sugerem que observar hábitos de consumo, traçar objetivos e cortar gastos são algumas das dicas que podem ajudar os campo-grandenses a fugir do vermelho. 

A economista comportamental, Andreia Saragoça, explica que o primeiro passo para mudar a vida financeira é a conscientização de objetivos e querer mudar a situação das finanças. 

“A partir do momento em que as pessoas começam a se sentir desconfortáveis com o orçamento, sua realidade financeira, é o ponto inicial para a gente começar a mudar, porque o desconforto e dor de estar devendo incomoda muito”, aponta. 

 

Ter consciência sobre qual é o objetivo de vida – se um carro, uma casa ou viagem, é especialmente importante para ajustar as despesas e entender que não é possível fazer tudo, senão o resultado será o endividamento. 

“Muitos economistas falam ‘não compra isso, não compra aquilo que é supérfluo’. Mas eu penso que se é o que a pessoa elegeu para a vida, ela vai comprar. Então tem pessoas que gostam de trocar de carro todos os anos. Então, ela vai reservar o dinheiro para isso, em detrimento de outras coisas porque não vai poder trocar o carro e fazer vários outros gastos, como viajar”, esclarece. 

Será que a grama do vizinho é sempre a mais verde? Nem sempre. Fazer comparações como “se ele pode comprar, por que eu não posso?” podem ser prejudiciais para a vida do financeira, sobretudo se aquele item não é um desejo próprio. Focar nos objetivos individuais é uma boa maneira de ter uma vida financeira saudável. 

 

Gestos diários, se cultivados, podem ser incorporados definitivamente. Ter hábitos adequados à realidade financeira podem também contribuir para um ano mais próspero. 

“Começar 2024 com a conta no azul é rever os hábitos e verificar quais são os meus objetivos de vida e trabalhar nesse sentido no dia-a-dia. Ao invés de, por exemplo, comprar um salgado, refrigerante todo dia, eu vou cuidar do meu bolso e da minha saúde”, exemplifica. 

Como começar 2024 no azul?

Consumo em contas fixas deve ser analisado. (Nathália Alcântara, Midiamax)

A economista Aline Pereira Moreira é do time que garante que sempre dá para iniciar a organizar a vida financeira. Como dica, ela sugere anotar todas as entradas e saídas financeiras, o que você recebe e gasta. 

 

Um modelo sugerido de porcentagem inicial é o 20/30/50

  • 20% para investimentos;
  • 30% para lazer;
  • 50% para despesas. 

Um exemplo negativo para a saúde financeira são as listas de compras de produtos desejáveis. “Se você quer economizar é indicado primeiro avaliar os custos fixos, pode tanto cortar como substituir ou negociar por um valor menor. Os hábitos de consumo prejudiciais estão muito ligados com o comportamento, comprar em promoções o que não precisa, gastar mais do que ganha, não fazer pesquisas”, ela diz. 

Já a economista Andreia Saragoça alerta que as contas não podem ser feitas somente na cabeça e que é importante organizar no papel. Contas de consumo, como água e luz, é interessante que a família, incluindo as crianças, se reúna e discuta os gastos e veja se está adequado. 

“Pega um bloco de anotações e anota tudo que está sendo gasto, soma isso ao final do mês. Faz isso durante três meses para identificar os seus hábitos e o que está muito fora do que você quer e ajustar isso. Eu sempre indico antes de cortar gastos fazer essa aos seus hábitos financeiros e verificar quais são os seus objetivos”, elucida a economista. 

Pode usar o 13º só para pagar contas?

Dinheiro empréstimo
13º não precisa ser usado só para contas. (Ilustrativa, Nathalia Alcântara, Jornal Midiamax)

A economista Aline Moreira sugere priorizar as negociações de dívidas em atraso com 13º salário, além de criar ou alimentar uma reserva financeira. “Para ter um equilíbrio também deixar uma parte para uso e lazer”, sugere. 

Andreia Saragoça observa que muitas pessoas usam o 13º salário somente para pagar contas, o que considera injusto já que esse valor poderia ser usado, em parte, em lazer. 

“Eu acho que a maioria das pessoas se sentem frustradas de pegar aquele dinheiro extra e ter que pagar a conta. A gente tem que pensar que o décimo terceiro é um extra, que a gente não deveria contar, a gente deveria deixar para realizar algum tipo de desejo, algum objetivo que a gente tenha, por exemplo, guardar parte para a aposentadoria, guardar uma parte para presentear algumas pessoas que a gente gosta, não pagar conta”, ela diz. 

A economista diz que, caso a pessoa veja que as despesas mensais são maiores que o salário, uma das soluções é buscar uma segunda fonte de renda, como um segundo emprego ou um curso para melhorar o salário. “Não existe nada mágico. É um trabalho que a gente precisa fazer ao longo do tempo”, alerta. 

Pagar IPTU e IPVA à vista?

Janeiro é mês em que chegam impostos como IPVA, e, se for o caso, a matrícula de escola. É bom ou não parcelar impostos como IPTU e IPVA? Na opinião da economista Aline Moreira, isso vai depender da situação financeira do contribuinte. “Os descontos costumam ser bem vantajosos para pagamento à vista, mas é bom se atentar para a importância de ter a reserva financeira”, afirma. 

Os descontos oferecidos em algumas taxas podem ser uma ótima maneira de evitar comprometer o limite do cartão de crédito durante o ano e viver mais tranquilo com uma conta já quitada.

A economista comportamental, Andreia Saragoça, sugere que é importante fazer uma reserva durante o ano para esses gastos sazonais. “A gente sabe que se nesse ano eu paguei R$ 1,2 mil de IPTU, ano que vem deve vir com um acréscimo de 10%. Então, eu faço mais ou menos um cálculo e já guardo um dinheiro para isso”, diz.