Ex-presidente Jair Bolsonaro confirmou à coluna que ficou dois dias na Embaixada da Hungria em Brasília após a PF apreender seu passaporte
O ex-presidente Jair Bolsonaro confirmou à coluna, nesta segunda-feira (25/3), ter permanecido dois dias na Embaixada da Hungria em Brasília, logo após ser alvo de uma operação da Polícia Federal que apreendeu seu passaporte, em fevereiro.
O fato foi revelado pelo jornal The New York Times, que teve acesso a vídeos do sistema de segurança da representação diplomática no Brasil. Segundo a reportagem, as imagens captadas mostram que Bolsonaro chegou à embaixada no dia 12 de fevereiro, segunda-feira de Carnaval.
Quatro dias antes de Bolsonaro se abrigar na embaixada, a PF tinha apreendido o passaporte dele, com base em uma investigação que apura uma suposta trama golpista liderada pelo ex-presidente para permanecer no poder após a derrota para Lula nas eleições de 2022.
“Não vou negar que estive na embaixada, sim. Não vou falar onde mais estive. Mantenho um círculo de amizade com alguns chefes de Estado pelo mundo. Estão preocupados. Eu converso com eles assuntos do interesse do nosso país. E ponto-final. O resto é especulação”, afirmou à Bolsonaro à coluna.
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De acordo com a reportagem do The New York Times, as câmeras da embaixada mostram que o ex-presidente brasileiro estava acompanhado de dois seguranças. Bolsonaro teria permanecido no prédio da representação de 12 de fevereiro a 14 de fevereiro.
Pela legislação internacional, embaixadas são consideradas invioláveis, sob jurisdição de outros países, não podendo ser objeto de busca, requisição, embargo ou medida de execução. Isso significa que, mesmo com uma ordem de prisão, Bolsonaro não poderia ser detido dentro da embaixada sem a autorização de autoridades da Hungria.
É um caso semelhante ao que aconteceu com o fundador do site WikiLeaks, o australiano Julian Assange. Para evitar sua prisão, Assange permaneceu de 2012 a 2019 na embaixada do Equador em Londres, até que o governo equatoriano suspendeu seu asilo.