Lessa disse que aceitou cometer o crime para se tornar sócio da família Brazão em uma milícia
O ex-policial militar Ronnie Lessa, réu confesso pela morte da vereadora Marielle Franco (Psol-RJ) e do motorista Anderson Gomes, afirmou em delação premiada que não atuava como assassino de aluguel.
Durante o segundo depoimento aos investigadores do caso, Lessa disse que aceitou cometer o assassinato para se tornar sócio da família Brazão em uma milícia. Ele explicou que seu papel na sociedade era facilitar o transito dentro das polícias Civil e Militar, corporações em que trabalhou por mais de dez anos em cada.
“Então eu quero deixar claro, doutor, que, ali, eu não fui contratado para matar. Eu não sou um matador de aluguel. Eu fui contratado para ser sócio e para ocupar a área”, afirmou, conforme vídeo da colaboração obtido pela Folha de S. Paulo. O relato buscava detalhar como ele havia sido convidado por Domingos e Chiquinho Brazão para realizar o crime.
A delação se concentra nos casos em que ele já responde na Justiça. Lessa negou ter trabalhado na segurança do contraventor Rogério Andrade e afirmou que não foi contratado para matar um miliciano pelo ex-vereador Cristiano Girão.
O ex-PM ainda estaria envolvido no planejamento do assassinato da então presidente da escola de samba Salgueiro, Regina Céli. De acordo com o réu, ele “empurrou com a barriga” esse serviço para não “se queimar” antes da execução de Marielle.
“Porque a questão é, por mais que eu não soubesse quem ainda é Marielle, mas eu sabia que tinha uma coisa para ficar rico. Eu não vou me queimar por besteira se tem uma coisa para ficar rico. Então falei: ‘Macalé…’ Eu fui empurrando, empurrando.”
Atualmente, investigadores apuram se o motivo do crime foram as denúncias de Marielle contra a exploração imobiliária ilegal nas regiões periféricas do Rio, o que teria contrariado os interesses do ex-conselheiro do Tribunal de Contas (TCE-RJ) Domingos Brazão e do deputado federal Chiquinho Brazão.