Infectologista esclarece qual o risco da chegada da frente fria em relação ao combate do coronavírus em MS

Foto: de arquivo, Midiamax

A chegada de uma frente fria em Mato Grosso do Sul derrubará as temperaturas nesta semana e acedeu um alerta para os moradores diante do combate à pandemia do Covid-19, o novo coronavírus no estado. Com 283 casos confirmados da doença e 10 mortes, MS luta para conter o avanço da doença e muitos questionam se o clima poderá interferir na transmissão da doença.

Conforme o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), a frente fria se aproxima de Mato Grosso do Sul e, para quinta-feira (7), a previsão indica mínima de 6°C. Em Campo Grande, os termômetros podem chegar a 9°C.

Mas as baixas temperaturas pode trazer aumento circulação de um novo vírus respiratório? De acordo com a médica infectologista Priscilla Alexandrino, disse que sim, mas não por conta do frio em si, mas sim pela aglomeração de pessoas.

Conforme a especialista, a frente fria não deve deixar o vírus “mais forte” ou causar mais facilidade na transmissão, o que vai impactar, na realidade, é que as pessoas vão buscar ‘mais calor humano’ e como consequência, os riscos de contrair o coronavírus pode aumentar.

“Não é que o clima tenha interferência ou não. O problema seria as pessoas por causa do frio ficarem aglomeradas em ambientes fechados”, disse ao Jornal Midiamax. Por tanto, a melhor opção para evitar o contágio é o isolamento social e se esquentar através dos agasalhos.

Ainda conforme Alexandrino, uma das maiores preocupações pode ser o transporte público no período de frio. Apesar de o número de passageiros estar limitado dentro dos veículos e todos são obrigados por decreto municipal a usarem máscaras faciais, durante o período gelado a melhor opção é manter as janelas dos coletivos abertas.

Calor não é garantia de proteção

O novo coronavírus parece se espalhar mais lentamente em países onde a temperatura é elevada. É o que mostra um novo estudo do MIT (Massachusetts Institute of Technology), nos Estados Unidos.

De acordo com o portal Saúde da editora Abril, os cientistas compararam a velocidade de crescimento da epidemia nas regiões frias e quentes. Na Noruega, por exemplo, o número de casos saltou, em cerca de uma semana, de 40 a cada milhão de habitantes (medida usada pelos pesquisadores para uniformizar dados globais) para mais de 120 na mesma fatia populacional.

Já na Austrália, país que está no verão, a curva sobe mais devagar. A taxa de infecções em uma semana do mês de março passou de 15 para 20 por milhão de pessoas. Os dados foram colhidos até 21 de março, época em que o Brasil apresentava menos de mil casos de Covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus.

O estudo mostra ainda que, em locais com surtos mais severos, como Irã e Itália, além de certas regiões chinesas e norte-americanas, a temperatura atual varia entre 3 e 17 °C. E, segundo os autores, cerca de 90% dos casos de Covid-19 registrados no planeta são de áreas onde a média atual é de até 11 °C.
Por outro lado, menos de 6% das ocorrências globais foram registradas em regiões com médias acima de 18 °C. Os achados foram publicados no periódico Social Science Research Network.

O que se sabe é que vírus respiratórios, como o influenza, da gripe, costumam ser mais incidentes no inverno. “Mas isso é mais pelo fato de ficarmos em ambientes fechados nessa época, o que facilita a contaminação”, aponta Adriano Massuda, médico professor da FGV-EASP e pesquisador da T.H. Chan School of Public Health, da Universidade Harvard, nos Estados Unidos.

Isso não significa que o influenza desapareça no verão. Fatores comportamentais e densidade populacional parecem pesar bastante na velocidade de transmissão, mesmo em surtos de outros vírus. “Você pode viver em uma região de clima quente, mas circular em locais fechados com ar condicionado e aglomerações, aumentando o risco da mesma maneira”, completa Massuda.

Por tanto, a higienização das mãos e isolamento social ainda são as melhores maneiras de se prevenir do vírus.

Fonte: Midiamax