(Foto: REUTERS/Amanda Perobelli | Fábio Pozzebom/Agência Brasil)

Saldo das urnas indica que 4.022 dos 5.569 municípios do País serão comandados pelo PSD, MDB, Progressistas, União Brasil, PL e Republicanos

Marcos Mortari, InfoMoney – A partir de 1º de janeiro de 2025, três em cada quatro brasileiros serão governados por um prefeito de um partido do “centro”.

O saldo das urnas após o segundo turno das eleições municipais indica que o Poder Executivo de 4.022 dos 5.569 municípios do País será comandado por um representante de PSD, MDB, Progressistas (PP), União Brasil, PL ou Republicanos.

O desempenho das seis siglas ilustra o êxito do “centro” e da “direita” no pleito local e o tamanho que o “centrão” sai para o xadrez político nacional.

Para se ter uma ideia, as mesmas legendas somavam 2.652 prefeituras em 2012, 2.774 em 2016, e 3.255 em 2020. Considerando para o cálculo o União Brasil como a soma de Democratas e PSL (as siglas que se fundiram para a criação da legenda em 2021).

Conforme pontuam especialistas, eleições municipais não costumam dizer muito sobre a corrida presidencial subsequente, mas antecipam com alguma acurácia os pleitos seguintes para o Congresso Nacional.

Neste caso, o recado das urnas é que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e seu sucessor em 2026 (que pode ser ele mesmo) provavelmente terá uma administração ainda mais dependente das forças do “centrão” para governar.

Dentro deste grupo heterogêneo, o PSD ganha destaque, com um salto de 35% no número de prefeituras das últimas eleições municipais para cá, atingindo a marca de 887, sendo 9 vencidas neste domingo (27) em segundo turno.

Uma parte do segredo da sigla de Gilberto Kassab ocorreu justamente na pré-eleição, com a atração de prefeitos e postulantes para disputar o pleito pela legenda, que vem se equilibrando entre alianças contraditórias: em nível nacional, integram o governo Lula. Já em São Paulo, fazem parte da base do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) ─ nome que ganhou musculatura para alçar voos mais altos.

O bom desempenho nessas eleições municipais fez com que o PSD superasse o tradicional MDB em capilaridade ─ feito que não ocorre há pelo menos 20 anos. De 2020 para cá, o MDB até cresceu ─ foi de 793 para 856 prefeituras (+8%) ─ mas não o suficiente para manter a hegemonia de outrora.

Na sequência aparece o Progressistas, legenda que hoje ocupa a presidência da Câmara dos Deputados, com Arthur Lira (PP-AL). A sigla foi de 690 prefeitos eleitos em 2020 para atuais 746 (+8%). Uma vantagem confortável em relação ao quarto colocado, o União Brasil, que ganhou apenas 24 municípios, passando a controlar 584, e que começa a ver a sombra do PL, que experimentou um salto de impressionantes 50%, para 516.

Fechando a lista do “centrão”, chama atenção a disparada do Republicanos (antigo PRB), que saiu de 80 prefeitos eleitos 12 anos atrás e agora chega a 433. O movimento é exatamente o oposto de siglas tradicionais como PT e PSDB. A primeira sigla até experimentou uma recuperação em 2024, mas ainda está longe do tamanho que tinha antes da Lava Jato e do impeachment de Dilma Rousseff (PT).

Já a segunda vem derretendo desde 2016, saindo de 799 prefeituras para 272 agora. Ilustra o momento delicado dos tucanos a campanha desastrosa com o apresentador José Luiz Datena (PSDB) na tentativa de recuperar o controle de São Paulo (SP) após a morte de Bruno Covas.

Considerando as cidades de maior porte, o chamado “G-103” (grupo de municípios com mais de 200 mil habitantes), a hegemonia passou para o PL, que elegeu 16 prefeitos. Um claro sinal da força da legenda de Bolsonaro para as eleições para o Legislativo em 2026.

Na sequência, aparecem o PSD, que elegeu 15 representantes no grupo, sendo 9 neste segundo turno, o União Brasil, com 13, e o MDB, com 12.

Já nas capitais, a disputa entre PSD e MDB volta à tona, com cada sigla elegendo 5 representantes. PL e União Brasil aparecem logo atrás, com 4 cada uma, enquanto Progressistas e Podemos venceram em 2 cada.

Além da busca pelo crescimento em administrações municipais, eleições locais costumam mobilizar grandes esforços dos partidos políticos no plano nacional, já que há forte correlação entre desempenho nas disputas por prefeituras e assentos nas Câmaras Municipais e as eleições para cargos no Congresso Nacional.

Os pleitos municipais também costumam dar importantes indicativos sobre lideranças políticas emergentes nos partidos, que poderão influenciar em disputas para o Poder Legislativo e o Poder Executivo nos níveis estadual e nacional.

Das duas formas, o recado das urnas em 2026 é de que o “centro” será força ainda mais decisiva para os rumos da política brasileira, assumindo maior protagonismo nos debates e posição determinante para a governabilidade em diversos níveis.