Ex-presidente disse que o senador quer usar tema por vaga no Supremo; negou que tirar PL da CCJ seja “voltar à estaca zero” e defendeu decisão de Lira

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) defendeu a comissão criada pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) para tratar do PL da anistia. Disse nesta 6ª feira (1º.nov.2024) que a pauta corria o risco de não chegar ao plenário –e caso fosse, não seria pautada pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

Bolsonaro disse que a comissão não significa “voltar à estaca zero” e que tratou com Lira sobre o tema antes do anúncio. Como mostrou o Poder360, integrantes da oposição criticaram Lira pela criação da comissão– a maioria é do PL, partido do ex-presidente.

Vamos supor que você aprovasse hoje o PL da anistia na Comissão de Constituição e Justiça, quem decide a pauta é o Lira. Eu entendo que o Lira, temos conversado muito bem com ele. Ele expôs para mim e eu concordei com ele que correríamos risco da aprovação do PL da anistia no plenário”, disse Bolsonaro em entrevista à Rádio Auriverde.

Ele direcionou críticas à atuação de Rodrigo Pacheco à frente do Senado. Disse que o senador busca “se cacifar” a uma vaga no STF (Supremo Tribunal Federal). Integrantes da oposição apresentaram uma carta de pedido de impeachment contra o ministro Alexandre de Moraes ao presidente do Senado. Ele indicou que não dará andamento ao tema. 

Chegando no Senado, o Pacheco não botaria em pauta. Afinal de contas, em uma entrevista no UOL agora, eu fico até envergonhado de ler uma entrevista daquela, o Pacheco buscando se cacifar para o Supremo Tribunal Federal, diz que não tem juízo ainda sobre os atos de 8 de janeiro e sabe apenas que foi o atentado à democracia”, afirmou. 

O mandato de Pacheco à frente da Casa Alta se encerra em fevereiro de 2025. O presidente e a bancada do PL no Senado declararam apoio ao senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), tido como favorito na disputa.

Mais cedo, Lira disse que pretende ter uma “solução” para o PL da Anistia ainda em seu mandato. Caso o texto seja aprovado no plenário, segue para o Senado, que em 2025 pode ser liderado por um nome aliado de Bolsonaro.

PL DA ANISTIA

O presidente da Câmara Arthur Lira tirou o projeto que pode livrar os envolvidos no 8 de Janeiro da CCJ e decidiu criar uma comissão especial para avaliar a pauta. Lira disse que a medida estava sendo usada “inapropriadamente” nas discussões a respeito da sucessão da Câmara.

A comissão será composta por 34 integrantes apontados pelos partidos. Terá um novo relator e depois passa direto ao plenário. Dias depois da manobra, Lira anunciou o apoio à candidatura do deputado Hugo Motta (Republicanos-PB)– que também foi endossado pelo PT e pelo PL.