Deputada teria dito que o militar não podia “deixar o presidente Bolsonaro na mão”; o brigadeiro teria recusado a “ilegalidade”
O ex-chefe da Aeronáutica, brigadeiro Carlos Baptista Júnior, disse em depoimento à PF (Polícia Federal) que foi pressionado pela deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) a aderir ao suposto golpe de Estado planejado durante o fim do governo de Jair Bolsonaro (PL).
A declaração consta no relatório final da corporação, cujo sigilo foi levantado pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes nesta 3ª feira (26.nov.2024). Em dezembro de 2022, Zambelli teria abordado o militar depois da formatura de aspirantes à oficial da FAB (Força Aérea Brasileira), no interior de São Paulo.
“Brigadeiro, o senhor não pode deixar o presidente Bolsonaro na mão”, teria dito a deputada. Ao que Baptista Júnior teria respondido: “Deputada, entendi o que a senhora está falando e não admito que a senhora proponha qualquer ilegalidade”.
Segundo a PF, o plano para manter Bolsonaro no poder não foi concretizado porque Baptista Júniore o então comandante do Exército, Freire Gomes, se recusaram a ingressar na tentativa golpista.
A postura do militar teria o tornado alvo de críticas de integrantes do então governo –dentre eles, o general Braga Netto, ex-ministro da Defesa e candidato a vice de Bolsonaro. O general teria se referido a Baptista Júnior como “melancia” –expressão para um militar de orientação de esquerda, por ser “verde por fora” e “vermelho por dentro”– e “traidor da pátria”.
O Poder360 procurou a deputada federal Carla Zambelli para se manifestar a respeito do conteúdo do relatório mencionado acima. Até a publicação desta reportagem, Zambelli não enviou uma manifestação. O espaço segue aberto.