Assmaa Abu Jidian (Foto: Reprodução- CNN )

“O cessar-fogo é uma esperança para quem ainda está vivo, apesar de tudo estar destruído”, afirma

O cessar-fogo entre Israel e o Hamas, iniciado neste domingo (19), trouxe um misto de alívio e tristeza para Assmaa Abu Jidian, de 38 anos. Moradora de Deir-Al-Balah, no centro da Faixa de Gaza, ela sonha com a possibilidade de reconstrução para si mesma, seus filhos e o povo palestino. Em entrevista à CNN, Assmaa refletiu sobre a difícil realidade que enfrenta após semanas de conflito intenso.

“O cessar-fogo é uma esperança para quem ainda está vivo, apesar de tudo estar destruído. É difícil falar. Até certo ponto a gente está feliz porque vai ter o cessar-fogo, mas ao mesmo tempo é muita destruição, muitas pessoas queridas foram mortas. É uma sensação dividida de felicidade e de tristeza. Ninguém vai conseguir esquecer o que aconteceu”, desabafou.

Um elo com o Brasil

Apesar de sua conexão com a Faixa de Gaza, Assmaa tem uma história profundamente ligada ao Brasil. Ela viveu dos 4 aos 20 anos em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, onde passou a infância e a adolescência. No entanto, sua cidadania brasileira não foi concluída. Em 2006, retornou à Faixa de Gaza com a mãe e os irmãos, interrompendo o processo de naturalização.

“Eu vivi muitos anos no Brasil e sempre terei um carinho especial por lá. Mas minha vida está aqui agora, mesmo com tantas dificuldades”, comentou Assmaa.

O impacto da guerra

A guerra iniciada em 7 de outubro de 2023 trouxe destruição generalizada e perdas humanas significativas na Faixa de Gaza. Deir-Al-Balah, onde Assmaa vive, não foi poupada. Ela relatou que as marcas deixadas pelo conflito serão difíceis de apagar.

O cessar-fogo trouxe esperança, mas a palestina enfatiza que as cicatrizes emocionais e físicas da guerra persistem. “O que aconteceu não será esquecido, mas quem sobreviveu precisa encontrar uma forma de recomeçar”, afirmou.

Reconstrução e futuro

Assmaa sonha com um futuro melhor para os filhos e o povo palestino, apesar dos desafios. Ela espera que o cessar-fogo seja o primeiro passo para negociações mais duradouras que permitam a reconstrução e a paz.

Enquanto isso, sua história ilustra a complexa ligação entre diferentes culturas e territórios, bem como a resiliência de quem vive em uma zona de conflito. O cessar-fogo representa mais do que uma trégua temporária para ela: é um fio de esperança em meio ao caos.