“Usar o nome de Deus para cometer crimes é justamente continuar crucificando Jesus”, afirma o presidente do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), em crítica ao governo
Presidente do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), o arcebispo Dom Roque Paloschi alertou, em entrevista ao UOL, para os perigos da retórica do presidente Jair Bolsonaro sobre as questões indígenas. De acordo com ele, o discurso do governo incita o ódio e é um dos responsáveis por expôr os povos às situações de violência e violações de seus direitos. Somente este ano, sete lideranças indígenas foram mortas no país, o maior número em 11 anos.
“Existe a retirada de direitos com os muitos projetos, emendas constitucionais, decretos, medidas provisórias. Juntamente com esse conjunto de medidas anti-indígenas, vem a retórica do governo que fomenta esse tipo de violência, o ódio e o preconceito aos povos indígenas. É um momento de muitos conflitos que expõem os povos indígenas a toda sorte, violência e violações de seus direitos”, diz.
Para o arcebispo, há setores que “manipulam a palavra de Deus para explorar, fomentar o ódio e a violência” contra os índios, e adverte que “usar o nome de Deus para cometer crimes é justamente continuar crucificando Jesus”.Dom Roque Paloschi foi um dos responsáveis por denunciar a situação dos indígenas do Brasil no Sínodo da Amazônia, no Vaticano, em outubro.
Dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT) divulgados na última segunda-feira (9) mostraram que o número de lideranças indígenas assassinadas em conflitos de terra durante o primeiro ano do governo de Jair Bolsonaro foi o maior em pelo menos 11 anos. Segundo o levantamento, foram 7 mortes em 2019, contra 2 mortes em 2018.
Apenas no último fim de semana, três lideranças indígenas foram mortas no país. Dois dos assassinatos aconteceram no sábado (7), quando homens dentro de um carro atiraram contra indígenas Guajajara na estrada BR-226, que corta as aldeias El Betel e Boa Vista, no Maranhão. Atentado tirou a vida de Firmino Prexede Guajajara, que morreu na hora, e Raimundo Belnício Guajajara.
Fonte: Revista Fórum