À medida que o Brasil avançou na pandemia, tornou-se o segundo país com o maior número de mortes por COVID-19. As empresas e indústrias vem lutando com os desafios logísticos baseados na necessidade de se adaptar rapidamente ao ambiente e ao mundo de agora e ao que que surgirá depois – o “novo normal”. A maioria está focada em mera sobrevivência, mas algumas empresas têm aproveitado a situação a seu favor, como o mercado de petróleo, por exemplo.

No final de março deste ano, a Petrobras anunciou planos para cortar a produção em 200.000 bbl / d (barris / dia) devido aos baixos preços do petróleo e redução da demanda pelo COVID-19. No entanto, a produção em março permaneceu estável e o aumento foi relançado em abril, adicionando 200.000 bbl / d das projeções originais. Porquê? A empresa disse mais tarde ter aumentado a produção para níveis anteriores ao vírus, depois que a demanda foi maior do que se esperava.

As exportações de petróleo bateram recorde com a reabertura da economia chinesa após a recuperação da pandemia. Isso ocorreu apesar da queda substancial da demanda doméstica de petróleo no Brasil devido a bloqueios de muitos municípios com base nas restrições de distanciamento social implementadas no final de março.

A Petrobras parece seguir um seguro caminho como fornecedora de petróleo preferida no mercado de exportação para a China. A empresa informou em maio deste ano uma exportação recorde de 30,4 MMbbl, aproximadamente 1 MMbbl / d, em abril de 2020 em meio à crescente demanda da China. O recorde anterior de 771.000 bbl / d foi estabelecido em dezembro de 2019. O novo recorde também foi 145% a mais do que as exportações em abril de 2019, com a China respondendo por 60% das exportações de petróleo da Petrobras.

As razões incluem a alta qualidade do petróleo e motivos geopolíticos, estabilidade do fornecimento e crescimento contínuo da produção de longo prazo. O petróleo do pré-sal tem altos custos de capex para iniciar a produção, mas os custos de extração de um barril de petróleo do pré-sal estão entre os melhores do mundo.

No início de maio deste ano, o consenso dos analistas era que a Petrobras estava em uma posição excepcionalmente forte para enfrentar o excesso de petróleo global devido à extensa capacidade de armazenamento da empresa. A ANP disse que a capacidade do Brasil de armazenar petróleo “permanece robusta”, devido às instalações de armazenamento com uma capacidade combinada de 159 milhões de barris, com mais da metade desse total localizada em campos relativamente novos no mar. 

Também está ajudando o fato de que as refinarias estão aumentando a produção de combustíveis navais em demanda, o que reduz os estoques de petróleo. A China tem capacidade para absorver grande parte das exportações de petróleo do Brasil, como se tem visto.

Ainda é cedo para avaliar os impactos da crise do Covid-19 e o modo como afetará o mercado de combustíveis no Brasil. A durabilidade e a dinâmica das medidas de isolamento serão fundamentais para saber como a cadeia produtiva será afetada a longo prazo. Alguns ajustes serão necessários nos setores mais impactados, como o do etanol, por exemplo. Estratégias empresariais e políticas energéticas deverão incorporar esse contexto. 

Fonte: Dourados News