Com ampla vantagem nas pesquisas, Biden tem um passado de 30 anos no Senado e tragédias pessoais
Com mais de 40 anos de vida pública nos Estados Unidos, o ex-vice-presidente Joe Biden enfrenta em 2020 seu maior desafio. Há menos de 30 dias do pleito de 3 de novembro, o democrata desponta nas pesquisas com uma larga vantagem diante do atual presidente Donald Trump e tem chances reais de se tornar o próximo presidente da maior potência econômica e militar do planeta.
Levantamento da rede CNN divulgado na última terça-feira (6) mostra uma vantagem de 16 pontos percentuais entre o democrata e o republicano. Biden estaria com 57% das intenções de votos, enquanto o atual mandatário teria 41%.
Um compilado feito pelo perfil Eleições EUA 2020 na segunda-feira (5) com base nos dados do portal Five Thirty Eight mostra que Biden lidera em 8 dos 9 Swing States – os estados que variam de partido de acordo com a eleição. Ohio e Iowa, onde Trump venceu Hillary Clinton em 2016, teriam se convertido ao democrata. Já no Texas, onde os republicanos não perdem desde os anos 80, o cenário seria de empate segundo pesquisa Civiqs.
Como nas eleições dos EUA o número de delegados eleitos por cada colégio eleitoral importa mais do que o somatório voto popular, a vitória de Biden parece ainda mais provável.por taboolaLinks promovidosVocê pode gostar
Quem é Biden?
Formalizado pelo Partido Democrata como candidato em 18 de agosto junto da vice Kamala Harris, Biden enfrentou uma prévia de altos e baixos. Começou como grande favorito, mas sofreu algumas derrotas surpreendentes logo no início. Mas isso não abalou a campanha do ex-vice-presidente.
Diante do crescimento de Bernie Sanders, da ala mais à esquerda da legenda, viu se formar uma coalizão em seu favor – com a renúncia de outros pré-candidatos -, conseguiu uma importante vitória na Super Terça. Esse triunfo alavancou a campanha do ex-vice-presidente, que terminou sendo definido como candidato após a desistência de Sanders, em meio às restrições impostas pela pandemia do novo coronavírus.
De perfil moderado, Biden foi vice-presidente durante o governo de Barack Obama, cresceu em família operária católica de origem irlandesa e teve a vida marcada por tragédias, que forjaram no candidato um chamado “superpoder da empatia”, segundo seus apoiadores.
Eleito senador pela estado de Delaware pela primeira vez em 1972, o democrata teve que lidar com a morte de sua esposa, Neilia, e sua filha mais mais nova (à época), Naomi, às vésperas do Natal daquele mesmo ano. O carro da família foi atingido por um caminhão. Seus dois filhos, Beau e Hunter, foram atingidos, mas resistiram. Cinco anos depois, se casou com Jill e teve uma nova filha, Ashley, em 1981.
O democrata ficou no Senado até 2009, passando por diversas comissões da Casa, quando foi eleito vice-presidente na fórmula encabeçada por Obama.
Em 2015, uma nova tragédia abalou Biden. Próximo do início das prévias das eleições de 2016, na qual ele pretendia se apresentar, o democrata perdeu o filho Beau para um câncer cerebral, que havia sido diagnosticado em 2013.
Polêmicas
A trajetória de Biden também foi marcada por polêmicas. Em abril, o candidato foi acusado de assédio sexual por Tara Reade, uma ex-funcionária do Capitólio. “Eu não tive coragem de falar sobre isso antes… As palavras simplesmente não saíram. Conforme o tempo passou, eu fui me sentindo mais forte e pude falar a verdade. Eu percebi que precisava fazer isso”, disse Reade. A mulher fez uma acusação formal contra Biden junto à polícia de Washington.
Em maio, Biden quebrou o silêncio e disse que “não é verdade, estou dizendo que isso nunca aconteceu (…) não sei por que, depois de 27 anos, isso foi levantado”.
Biden também votou a favor da invasão do Iraque, em 2002, e é criticado por posturas do passado consideradas racistas, como a Lei de Controle ao Crime violento e Aplicação da Lei, que fez aumentar muito o encarceramento em massa nos Estados Unidos. Em meio à eclosão do Black Lives Matter (Vidas Negras Importam), o candidato se colocou ao lado da pauta antirracista.
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Fonte: Revista Fórum