O porteiro do condomínio Vivendas da Barra, no Rio de Janeiro, que citou o nome do presidente Jair Bolsonaro durante à Polícia Civil no âmbito da investigação sobre a morte da deputada Marielle Franco e seu motorista, Anderson Gomes, em 2018, mudou sua versão dos fatos em novo depoimento, desta vez à Polícia Federal.
O homem, cujo nome não foi divulgado, mas que a revista Veja identificou como Alberto Jorge Ferreira Mateus, prestou depoimento à PF na terça-feira (19), em investigação ordenada pelo ministro Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública) para apurar a citação ao presidente Bolsonaro no caso Marielle.
Segundo informações do jornal O Estado de S.Paulo, o funcionário afirmou ter sido um “erro” lançar o registro de entrada de Elcio Queiroz na casa 58. Ele disse que se sentiu “pressionado” durante o primeiro depoimento à Polícia Civil, mas disse que ninguém o pressionou especificamente.
Em outubro, uma reportagem da TV Globo revelou que um porteiro do condomínio onde morava Bolsonaro e um dos acusados da morte de Marielle e Anderson, o ex-PM Ronnie Lessa, teria citado o nome do presidente (à época deputado) em depoimento à Polícia Civil.
Segundo aquele primeiro depoimento, que só veio à tona meses depois do fato, o suspeito de matar Marielle, Elcio Queiroz, visitou o condomínio na noite do crime. Mas de acordo com o porteiro, Queiroz pediu para ir à casa 58, onde morava Bolsonaro, e que o “seu Jair” teria autorizado a entrada.
A mesma reportagem da TV Globo mostrou que Bolsonaro não estava em sua casa no Rio de Janeiro naquele dia, mas em Brasília, cumprindo agenda como deputado e pré-candidato à presidência. A suposta visita à casa 58 seria comprovada por um caderno com anotações feitas à caneta.
No entanto, um outro registro de entrada no condomínio, eletrônico, não indicava a suposta visita de Queiroz à casa 58, e sim à casa 66, onde morava Ronnie Lessa. Agora, à Polícia Federal, o porteiro mudou sua versão dos fatos.
Em outubro, o ministro Sergio Moro solicitou, via Procuradoria-Geral da República, a abertura de um inquérito na Polícia Federal para apurar o depoimento do porteiro. Ele disse haver “inconsistências” no depoimento do funcionário, o que poderia indicar “crimes de obstrução à Justiça, falso testemunho ou denunciação caluniosa”.
O PGR Augusto Aras aceitou o pedido de Moro e enviou o ofício ao Ministério Público Federal do Rio de Janeiro (MPF-RJ), que solicitou a abertura das investigações no dia 6 de novembro. No mesmo dia, a Polícia Federal abriu o inquérito e ouviu o porteiro nesta semana.
O processo segue em segredo de Justiça.
Fonte: Yahoo