No Brasil tem de tudo. Povos originários sofrem invasão há 500 anos. Mas agora estão sendo informados de que o Brasil começou em 1988

Por Ariovaldo Ramos | para a RBA

No Brasil tem de tudo. Tem ideologia para a vacina… Não pode ser chinesa, o presidente não quer… O quanto isso pode significar em termos de mortes, é um mero detalhe… Comunista, não! E continuamos entregues à morte!

Tem esquerda liberal… que apoia a independência do Banco Central, mesmo que isso signifique entregar a política monetária para os bancos… Tipo entregar o galinheiro para ser gerenciado pela raposa!

Tem bloqueio das verbas para combater o incêndio no Pantanal e na Amazônia em um momento em que, tanto o Pantanal quanto a Amazônia têm recordes de queimadas… O quadro só mudou quando os biomas foram entregues ao fogo.

Isto é, depois que o Ibama determinou o recolhimento de brigadas de incêndios florestais a partir da meia-noite de quinta-feira (22), o que significaria entregar os biomas às labaredas! No dia seguinte, um novo oficio do Ibama determinou a retomada das atividades dos brigadistas.

Tem julgamento sobre se os povos originários precisam ou não provar que estavam no Brasil antes de 1988, e onde estavam.

Pois, segundo os ruralistas, os povos indígenas só teriam direito à demarcação de terras que estivessem sob sua posse no dia 5 de outubro de 1988, data de promulgação da Constituição. Ou que, nessa data, estivessem sob disputa física ou judicial comprovada. É a interpretação deles do marco temporal.

Tipo, entregar os povos originários à sanha dos grileiros, garimpeiros e madeireiros.

‘Começou’ em 1988

Os povos originários vêm sofrendo invasão há 500 anos. Mas agora estão sendo informados de que o Brasil começou em 1988 e, até então, toda a história é mera ficção. Está na Constituição, dizem os ruralistas, os mesmos que ajudaram a rasgar a Constituição no golpe ocorrido em 2016.

Volto a insistir: os biomas brasileiros devem ser declarados como sujeitos de direitos, como fez a Corte Constitucional da Colômbia com o Rio Atrato, e a defesa jurídica dos biomas deve ser entregue à APIB – Articulação dos Povos Indígenas do Brasil.

Já que o STF julgará este argumento estapafúrdio, deveria aproveitar e imitar a Corte colombiana. Passar para a história como quem ajudou a salvar o Planeta.

Isso, sim, deveria ter no Brasil!

ariovaldo ramos