De acordo com dados do Caged, as demissões registradas junto ao mercado formal ao longo da pandemia superaram as contratações em 1,6 milhão. Economistas avaliam que o desemprego deverá continuar elevado em 2021

Carteira de Trabalho (Foto: Agencia Brasil)

A crise decorrente da pandemia do novo coronavírus resultou na eliminação de 165 mil postos de trabalho do comércio varejista entre março e julho deste ano, de acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), e o saldo de 18,5 mil vagas criadas desde julho está distante de cobrir o déficit do setor. A situação se estende a outros setores da economia e a recuperação deverá ser difícil. 

Segundo reportagem do jornal Folha de S. Paulo, o setor de bares e restaurantes registrou a criação de apenas 900 vagas de garçons desde julho, embora tenha perdido 46 mil trabalhadores desde o início da pandemia. No setor de engenharia foram fechadas 3,3 mil vagas, o triplo das 900 que foram criadas ao longo do terceiro trimestre. 

Até na engenharia —carreira associada à escassez de talentos no país— tem faltado demanda. As 3.300 vagas de engenheiros e arquitetos eliminadas no auge da crise ainda são mais do que o triplo das 900 criadas no terceiro trimestre.

Ainda conforme os dados do Caged, as demissões registradas junto ao mercado formal superaram as contratações em 1,6 milhão. O número de postos de trabalho encerrados é mais que o dobro dos 697 mil criados entre julho e setembro deste ano. 

Para Cosmo Donato, economista da LCA, a situação deverá se agravar com o fim da estabilidade de emprego dos funcionários de empresas que aderiram aos programas de redução salarial ou de suspensão de contrato de trabalho. “O viés para 2021 é de baixa. O risco de terminarmos o ano que vem com saldo na geração de empregos que não supere o patamar pré-crise é concreto”, avaliou.

Sem uma retomada econômica forte, é difícil imaginar que as empresas conseguirão evitar as demissões quando seu compromisso de manter a estabilidade dos funcionários acabar”, disse o economista Bruno Ottoni, da consultoria iDados, ouvido pela reportagem.

Fonte: Brasil 247