Avaliação de diplomatas é que o Brasil deveria ter mantido contato com a equeipe do presidente eleito dos EUA, Joe Biden, ainda na campanha eleitoral norte-americana para evitar o desgaste nas relações internacionais
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Diplomatas brasileiros criticaram a declaração do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, que disse que “ainda não é o momento” de uma aproximação com Joe Biden, eleito presidente dos Estados Unidos. A avaliação é que o Brasil deveria ter mantido contato tanto com o democrata como com o republicano Donald Trump ainda na campanha eleitoral norte-americana para evitar um desgaste nas relações entre os dois países.
“Nos Estados Unidos é considerado normal ter relação com os dois partidos, ninguém acha esquisito. Pelo contrário, todo embaixador e todo bom diplomata cultiva contatos com todos os lados políticos, sobretudo num posto em Washington, onde o Congresso tem uma influência grande sobre a política externa”, disse o ex-embaixador em Washington Rubens Ricupero em entrevista ao jornal O Globo.
Para o também ex-embaixador Roberto Abdenur, é preciso “correr atrás do prejuízo” devido ao desgaste da imagem do governo Jair Bolsonaro junto aos democratas. “ Entre os democratas, é terrivelmente negativa a imagem de Bolsonaro, seja como pessoa ou de seu governo em geral. Devemos agora correr atrás do prejuízo, procurando abrir pontes com congressistas e com os membros do governo que vêm sendo indicados pelo novo presidente americano. Não faz sentido só entrar em campo depois da posse. Não há tempo a perder”, afirmou
O ex-chanceler Celso Amorim observa que a equipe de Biden possui uma série de divergências com o governo brasileiro que passa desde a agenda de direitos humanos, meio ambiente e política indigenista. “Eles parecem estar assustados em tentar uma aproximação e receber uma negativa por parte de Biden. Então, para eles não terem esse dissabor, adotam essa narrativa de que não é o momento de ter esse contato”, avalia Amorim
“Dificilmente Bolsonaro se tornará amigo de Biden. Isso demandaria um esforço que acredito que não será feito. O governo Bolsonaro já tem um compromisso com a extrema direita no Brasil, que é ligada à extrema direita americana”, completa o diplomata.
Fonte: Brasil 247