Título de Personalidade Corrupta do Ano foi conferido por organização internacional de jornalistas investigativos. Hipocrisia foi critério de desempate
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O presidente Jair Bolsonaro foi nomeado “Personalidade Corrupta do Ano” pelo Projeto de Relatórios do Crime Organizado e da Corrupção (OCCRP, na sigla em inglês). O coletivo, que reúne jornalistas investigativos e ativistas de diversos países, observa que Bolsonaro, depois de eleito com discurso anticorrupção está rodeado de figuras corruptas. Além disso, gastou dinheiro público em propaganda para promover sua agenda conservadora, sabotou o sistema de Justiça. O “prêmio” se deve ainda à gestão ambiental destrutiva, sobretudo na Amazônia, ao tolerar desmatamento e queimadas recordes, enriquecendo figuras que a OCCRP classifica como “alguns dos piores proprietários de terras do país”.
Venceu a hipocrisia
“Esse é o tema central do ano”, disse Louise Shelley, diretora do Centro Transnacional de Crime e Corrupção (TraCCC), da Universidade George Mason University (Estado da Virginia. EUA), que participou do painel do prêmio. “Todos são populistas causando grandes danos aos seus países, regiões e ao mundo. Infelizmente, eles são apoiados por muitos, que é a chave do populismo”, diz Louise.
Bolsonaro é também acusado de receber repasses de salários de funcionários fantasmas – prática conhecida como “rachadinha”. Mas em meio a tantas semelhanças com outros líderes populistas do mundo, o critério de desempate pelo qual Bolsonaro tirou dos pares neofascistas o troféu de Personalidade Corrupta do Ano foi o quesito hipocrisia. Ele assumiu o poder com a promessa de lutar contra a corrupção, mas não apenas se cercou de pessoas corruptas, como também acusou injustamente outros de corrupção.
Todos os vencedores
- 2020: Jair Bolsonaro
- 2019: Joseph Muscat
- 2018: Danske Bank
- 2017: Rodrigo Duterte
- 2016: Nicolás Maduro
- 2015: Milo Djukanovic
- 2014: Vladimir Putin
- 2013: Romanian Parliament
- 2012: Ilham Aliyev
“A família de Bolsonaro e seu círculo íntimo parecem estar envolvidos em uma conspiração criminosa em andamento e têm sido regularmente acusados de roubar do povo”, afirma Drew Sullivan, editor do OCCRP e um dos juízes do painel. “Essa é a definição de um livro sobre uma gangue do crime organizado”, explica Sullivan. (Nota do editor: A organização criminosa pela qual pessoas próximas ao círculo de Bolsonaro são investigadas é minuciosamente descrita no livro-reportagem de Bruno Paes Manso República das Milícias – Dos Esquadrões da Morte à Era Bolsonaro, editora Todavia.)
Conexões
Essas conexões incluem familiares do presidente, como seus filhos Carlos Bolsonaro e Flávio Bolsonaro. As acusações vão de participação em esquema de repasse de salários de funcionários fantasmas a envolvimento com milícias violentas que controlam territórios do Rio de Janeiro. Inclusive grupos investigados pelo assassinato da vereadora Marielle Franco (Psol) e do motorista Anderson Gomes.
É citada ainda a segunda ex-mulher de Jair Bolsonaro, Ana Cristina Siqueira Valle. Ela adquiriu 14 imóveis, parte deles em dinheiro vivo, enquanto esteve casada com o então deputado federal. Também é lembrado pela OCCRP o amigo e aliado Marcelo Crivella, prefeito afastado do Rio de Janeiro, em prisão domiciliar por operar uma organização criminosa dentro da administração.
Redação: Paulo Donizetti de Souza (tradução livre)
Para ler a íntegra do original em inglês, acesse aqui
Fonte: RBA