São Paulo – O governo do estado de São Paulo divulgou mudanças no Plano São Paulo, que trata de ações de enfrentamento à pandemia do novo coronavírus, como a extensão das medidas de isolamento social. A maior parte do estado (onde vive 90% da população) segue na chamada “fase amarela”, que conta com medidas sanitárias brandas. Já o restante progrediu para a fase laranja, ligeiramente mais rígida em relação a atividades que podem ou não funcionar e a restrições de horários. A decisão do governo de João Doria (PSDB) chega em um momento de aumento no número de casos e mortes pela covid-19 em todo o país. E contraria opiniões de especialistas, que defendiam medidas mais rígidas de isolamento imediatamente.

Na primeira semana de 2021, São Paulo observou aumento de 30% no número de novos casos e 34% nas mortes. As aglomerações de fim de ano contribuíram para a piora. “A pandemia recrudesceu”, disse o secretário de Saúde, Jean Gorinchteyn. Mas mesmo com a transmissão fora de controle e, de acordo com o próprio secretário, “com o vírus circulando de forma intensificada”, o isolamento social segue leve. O governo promoveu alterações nas fases do Plano São Paulo. Por um lado, ficou mais fácil progredir da fase amarela para a fase laranja. Porém, por outro, a fase laranja ficou mais branda.

Fase amarela ou laranja

Das 17 macrorregiões do estado, 13 estão na fase amarela, outras quatro na fase laranja. São elas: Presidente Prudente, Marília, Sorocaba e Registro. De acordo com os novos parâmetros apresentados hoje (8), a única diferença entre as fases está no número de pessoas permitidas dentro de estabelecimentos e no horário de funcionamento.

Anteriormente, a fase laranja previa o fechamento de alguns estabelecimentos, como academias e bares. Agora, todas as atividades seguem abertas, com restrições. A capacidade de lotação, que antes era de 20%, foi para 40%. Anteriormente, os estabelecimentos não essenciais poderiam funcionar quatro horas por dia; com a nova regra, são oito horas; mas todos devem fechar às 20h. Bares e restaurantes não podem ter consumo no local presencial.

Já a fase amarela também mantém todas as atividades em funcionamento, com capacidade de 40%, funcionamento de 10 horas por dia e restrição de atendimento até as 22h. Bares podem abrir até as 20h com atendimento presencial.

Alterações nas fases amarela e laranja no Plano São Paulo

Maiores problemas

O secretário-executivo do Centro de Contingência do combate do coronavírus de São Paulo, João Gabbardo, argumentou que a intenção é não punir estabelecimentos que seguem normas sanitárias adequadas. Em contrapartida, reduzir a atividade dos estabelecimentos mais problemáticos.

“Notamos que o aumento da transmissão da covid-19 acontece especialmente no lazer noturno, nos bares, baladas, festas. Pedimos e orientamos para que durante o dia as pessoas exerçam suas atividades com todos os cuidados. Quem puder não sair, não saia. Mas depois de determinado horário, 22h na amarela e 20h na laranja, as pessoas procurem não participar de nenhum tipo de evento”, disse Gabbardo.

Ele acrescentou citando bares, restaurantes e festas. “Todas as evidências apontam para que estes são locais em que a doença se propaga com maior intensidade. Deixamos de penalizar atividades que funcionam de forma controlada para nos focar nas atividades mais propícias.”

Outro lado

Se a maioria das restrições ficou mais branda, também ficou mais fácil de regredir da fase amarela para a laranja. Para o endurecimento das medidas de isolamento, antes, era necessária uma ocupação de leitos de UTI na casa de 75%. Este índice cai para 70%. Outro fator considerado para a mudança entre as fases é o de internações e óbitos por habitantes. Antes, era observada a relação de 40 internações e 5 mortes por 100 mil habitantes; passa a ser 30 internações e 3 mortes.

São Paulo tem 48.029 mortes e 1.528.952 casos registrados de covid-19. A média de mortes diária está em 257. O Plano São Paulo apresentado hoje possui revisão marcada para 5 de fevereiro. Entretanto, caso os indicadores piorem, o Comitê de Contenção do Coronavírus em São Paulo pode indicar endurecimentos urgentes e pontuais antes do prazo determinado.

“A fase em que a população está é a dos indicadores. Estamos em um momento importante da pandemia. Mesmo estando na fase amarela, se não tivermos a colaboração de todos, na próxima reclassificação teremos mais regiões na fase laranja. Apesar de termos uma data para a reclassificação, vamos monitorar e publicar indicadores diariamente. Podemos reclassificar a qualquer momento. Precisamos de conscientização. Poucos que descumprem impactam em todos”, disse a secretária de Desenvolvimento Econômico, Patrícia Ellen.

Fonte: RBA