São Paulo – Metalúrgicos e municípios ainda fazem as contas dos prejuízos com o anunciado fechamento da Ford em Camaçari (BA), Horizonte (CE) e Taubaté (SP). Além da perda de postos de trabalho, a medida causará perda de massa salarial e de tributos. Nesta terça (19), em reunião com o Ministério Público do Trabalho (MPT), o Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté (Sindmetau) informou que apenas o fechamento das 830 vagas diretas poderá levar a uma redução de até R$ 93,7 milhões ao ano, entre salários, participação nos lucros ou resultados (PLR) e abono.
Além disso, de acordo com a entidade, a empresa é alvo de aproximadamente 280 processos trabalhistas na região. O passivo pode chegar a R$ 25 milhões. Desde o anúncio do fechamento, os metalúrgicos fazem vigília diante da fábrica. Ontem, trabalhadores penduraram uniformes como forma simbólica de protesto pela perda dos empregos.
Inquéritos abertos
Na semana passada, o MPT abriu inquéritos para apurar os impactos do fechamento da montadora no Brasil. Amanhã, serão ouvidos os metalúrgicos de Camaçari. Hoje, o presidente do sindicato, Júlio Bonfim, está em Brasília, juntamente com o governador da Bahia, Rui Costa, para uma série de reuniões em embaixadas, a fim de conseguir interessados em se instalar no polo industrial da região. Ontem (18), em reunião com os sindicalistas, a empresa queria retomar a produção, mas os representantes dos trabalhadores não aceitaram.
Estimativa preliminar da Secretaria da Fazenda de Camaçari aponta perda de R$ 30 milhões ao ano apenas com o ISS. No caso do ICMS, a redução deverá ser em torno de R$ 100 milhões. Durante a reunião com o MPT, o sindicato de Taubaté informou ainda que nos últimos cinco anos a Ford local recebeu R$ 4 milhões de isenções municipais.
Audiência, assembleia e protestos
Os prejuízos são difíceis de mensurar, devido ao efeito na cadeia produtiva. O Dieese estimou em quase 120 mil o número de postos de trabalho que poderão ser eliminados. A Ford tem 6.200 funcionários diretos no Brasil.
Amanhã (20), às 10h, haverá audiência pública virtual na Assembleia Legislativa de São Paulo para discutir o caso do fechamento da Ford. Na quinta, às 6h, os metalúrgicos de Camaçari fazem assembleia. As centrais sindicais marcaram para essa data um dia nacional de protestos contra as demissões na montadora.
Fonte: RBA