Sócios da CNN Brasil se apressam para beijar a mão do governo liberticida de Jair Bolsonaro. Isso não “cheira” a bom jornalismo — Por Ricardo Melo
por Jornalistas Livres13 janeiro, 2020
Colunistas de mídia com pouco assunto, mas talvez muitos interesses, têm se esmerado em festejar a provável estreia da CNN Brasil nos próximos meses. Estreia adiada várias vezes, é bom lembrar.
Ninguém nega. A marca internacional é uma grife, inaugurou um jeito novo de fazer TV, constituiu-se num marco ao transmitir notícias 24 horas com uma amplitude até então inédita. Um sucesso, descontados os limites do conteúdo de suas coberturas. Mas será isso suficiente para repetir o mesmo no Brasil?
Vamos pelo início. Por aqui, a CNN tropical tem como seus manda-chuvas duas figuras singulares. O sócio “jornalístico” é Douglas Tavolaro. Quem vem a ser o cidadão? Durante anos e anos, foi braço direito de Edir Macedo, que dispensa maiores comentários.
Ocioso também falar do “jornalismo” da TV Record nestes tempos da Igreja Universal, cuja independência e imparcialidade sempre foram medidas em dízimos e favores governamentais. Lulista e Dilmista até outro dia, hoje é porta-voz escancarado do neo-fascista Jair Bolsonaro.
Douglas Bolsonaro andava por lá nessa época, sempre é bom lembrar. Sua “saída” da Record até hoje é um mistério –será que abandonou mesmo as bênçãos do padrinho Edir Macedo? Silêncio ensurdecedor.
Já o “sócio-capitalista”, Rubens Menin, é o dono da construtora MRV. Para quem não sabe, Menin tornou-se bilionário com o programa Minha Casa, Minha Vida dos governos petistas. Quando o governo Dilma começou a adernar, Menin rapidamente mudou o curso em direção a Michel Temer e depois Jair Bolsonaro. Nesse intervalo, abriu um banco, o Inter, que hoje é um dos campeões de reclamações de clientes por mau atendimento.
Para não deixar dúvidas sobre quais interesses impulsionam a nova empreitada “jornalística”, basta ver a foto que abre este texto…
Descendo mais um pouco. A cada contratação da CNN Brasil há um foguetório dos colunistas sem assunto. Mas até agora observa-se apenas gente da série B ou C. Não há nenhum nome de peso, com trajetória jornalística de respeito, credibilidade, seriedade. Na cúpula, gente de segunda linha, arrivistas conhecidos, profissionais timoratos, desde expelidos da Record até rejeitados pela RedeTV! e Empresa Brasil de Comunicação.
Reinaldo Gottino, um dos Datenas da Record, é tratado por essa mídia como se fosse um Peter Jennings, Dan Rather, Paulo Henrique Amorim, Ricardo Boechat. Que desgraça. Dejetos de Edir Macedo, personagens dispensados pela Globo —um deles agora garoto propaganda de uma empresa financeira caça-níqueis—, âncoras que infelizmente incineraram suas carreiras expondo opiniões neo-racistas, casais juvenis sem nenhuma expressão até para propaganda de shopping-centers e por aí afora são considerados medalhões.
Detalhe: para todo jornalista que se depara com um mercado cada vez mais estreito, em tese é bom saudar novas oportunidades de emprego. Mas também é bom saber que oportunidades são essas. Já vimos aventuras como a do Jornal do Brasil na época de Nelson Tanure; da RedeTV! que até hoje esfola funcionários, mas é financiada pelo dinheiro público para bancar o enriquecimento e aventuras amorosas indecentes dos donos; e das demais “redes” da mídia oficial subservientes aos governos de plantão.
A CNN Brasil tem o mesmo cheiro. E ele não é bom. Cabe a cada um escolher aquele que mais lhe agrada.
Fonte: Jornalistas Livres