Em telefonema, Bolsonaro disse ao premiê indiano que havia resultados positivos da droga contra Covid no Brasil. Em abril do ano passado, o Itamaraty pediu que a embaixada na Índia fizesse gestões junto ao governo indiano para liberar uma carga de hidroxicloroquina
O ex-chanceler Ernesto Araújo mobilizou a diplomacia brasileira para pedir a outros países o fornecimento de cloroquina ao país, mesmo depois que a Organização Mundial da Saúde interrompeu testes clínicos com a droga e as associações médicas alertaram para a ineficácia e os efeitos colaterais.
É o que revelam telegramas diplomáticos e informações de pessoas envolvidas nas negociações, publicadas em reportagem na Folha de S.Paulo nesta segunda-feira (10).
Ernesto Araújo, ex-chefe do Itamaraty, irá depor na quinta-feira (13) na CPI da Covid bi Senado. Ele será questionado se o país sofreu prejuízos durante sua gestão na aquisição de insumos e vacinas por causa da política externa do governo Bolsonaro
O Itamaraty envolveu-se numa verdadeira corrida à cloroquina logo depois que Bolsonaro começou a falar em possível cura para a doença em suas redes sociais, a partir de 21 de março do ano passado.
Naquele dia, o Ministério das Relações Exteriores pediu, em telegrama, que os diplomatas tentassem “sensibilizar o governo indiano para a urgência da liberação da exportação dos bens encomendados pelas empresas antes referidas [EMS, Eurofarma, Biolab e Apsen] e outras que se encontrem em igual condição, cujo desabastecimento no Brasil teria impactos muito negativos no sistema nacional de saúde”. Na época, o governo indiano havia restringido a exportação da cloroquina.
Em outra comunicação, no dia 15 de abril, o ministério pede que a embaixada na Índia faça gestões junto ao governo indiano para liberar uma carga de hidroxicloroquina comprada pela empresa Apsen antes de a exportação ser vetada por Déli e para que a venda da droga seja normalizada.
Durante todo o mês de abril, houve inúmeros pedidos do Itamaraty para a obtenção de cloroquina – defendida por Bolsonaro como “cura” para a Covid-19.
Fonte: Brasil 247