“Não podemos aceitar mais de 480 mil mortos”, afirma Sandra Mariano. Ativista espera pelo menos o dobro de manifestantes contra Bolsonaro no próximo sábado (19)
Movimentos sociais e centrais sindicais voltam às ruas no #19J, neste próximo sábado (19), para protestar contra o presidente Jair Bolsonaro. “Vacina no braço e comida do prato” resumem as demandas dos manifestantes. A expectativa é que as próximas mobilizações sejam ainda maiores do que aquelas ocorridas no final de maio.
O 29M, como ficou conhecido, marcou o retorno da oposição aos protestos contra o presidente desde o início da pandemia. Máscara, álcool gel e distanciamento deram a tônica do movimento, que atingiu mais de 200 cidades de todo o país.
Para Sandra Mariano, secretária-adjunta de Combate ao Racismo do PT, o 29M surpreendeu. Mas o 19J deve ser ainda maior. “Espero que possamos ter o dobro de pessoas”, disse, em entrevista ao Revista Brasil TVT, na noite deste domingo (13).
#19J contra Bolsonaro
A insatisfação contra o governo aumenta, segundo Sandra, na medida que a CPI da Covid avança, dando provas do negacionismo do governo federal. Os trabalhos da Comissão vem mostrando a negligência do governo na negociação para a aquisição de vacinas. Além disso, também investiga a existência de um “gabinete paralelo”, que teria endossado o presidente em relação à sua defesa da “solução mágica da cloroquina”, medicamento comprovadamente ineficaz contra a covid-19.
Bolsonaro ainda atenta contra as medidas de isolamento social, ao promover passeio de moto com seus apoiadores. Além de usar máscara, Bolsonaro e muitos de seus seguidores sequer usam os óculos do capacete. De acordo com Sandra, trata-se de uma demonstração de “desespero” do presidente, que se vê ameaçado pela liderança do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas pesquisas eleitorais para a disputa presidencial de 2022.
“As pessoas têm que ter a consciência do uso da máscara, álcool gel e do distanciamento”, disse Sandra. Ela destacou que, em São Paulo, no próximo sábado, haverá mais carros de som de modo a diluir eventuais aglomerações. “Os movimentos sociais e partidos de esquerda têm que ir para às ruas, porque não podemos aceitar mais de 480 mil mortos”, disse a ativista.
Bolsonaro e o racismo na pandemia
Ela também destacou que as populações negras que vivem nas periferia das grandes cidades têm sido as mais diretamente afetadas pela pandemia, que parece longe do controle. Isso porque a maioria das famílias vivem em pequenas moradias, inviabilizando em grande medida o distanciamento.
Além disso, nessas localidades também se concentram a maioria dos trabalhadores informais, que tiveram que ir para as ruas em busca do seu sustento, abandonando o isolamento diante da suspensão do pagamento do auxílio emergencial pelo governo Bolsonaro.
O benefício voltou a ser pago em abril, mas com valores insuficientes. Ela destacou ainda que, até mesmo na vacinação, negros e negras têm sido preteridos, conforme revelou estudo do Laboratório Espaço Público e Direito à Cidade (LabCidade) da USP, publicado no mês passado.
Fonte: RBA