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Pesquisa apontou que os estímulos auditivos, como ouvir música ao volante, reduzem o estresse no trânsito, mas é preciso estar atento.

Ouvir música ao volante é um hábito diário para milhares de condutores brasileiros.

Utilizada da forma certa, a música pode ser uma aliada para evitar ou reduzir o estresse no trânsito.

De qualquer forma, é necessário estar atento para não se distrair além da conta e até, em situações extremas, receber uma infração de trânsito.

Para entender melhor os benefícios e a relação entre música e trânsito, o Portal do Trânsito conversou com o Pós-Doutor em Fisiopatologia pela USP e professor do Departamento de Fonoaudiologia da UNESP, Vitor Engrácia Valenti.

Ele coordenou uma pesquisa com o objetivo de avaliar os efeitos da música em cinco novas condutoras, de 18 a 23 anos, ao longo de dois dias e em situações aleatórias.

O trabalho, que teve a participação de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), da Oxford Brookes University, da Inglaterra, e da Università di Parma, da Itália, mostrou resultados interessantes.

Efeitos positivos

O pesquisador explicou o que acontece com o nosso corpo quando dirigimos ouvindo música. “Quando as pessoas dirigiram sem ouvir música, houve uma sobrecarga no coração, por meio de uma análise que foi realizada do sistema nervoso autônomo. No momento em que as mesmas pessoas ouviram música no trânsito, a sobrecarga foi menor”, descreveu.

Segundo Vitor, os efeitos desse hábito se mostram positivos porque o trânsito é um espaço propício para os altos índices de estresse.

O Brasil, por exemplo, é apontado por uma pesquisa da International Stress Management Association (Isma), de 2017, como o segundo com a população mais estressada do mundo. Perdemos apenas para o Japão.

“Considerando que o estresse durante o trânsito é um dos principais gatilhos para complicações cardiovasculares súbitas, como infarto, por exemplo, nossos resultados ajudam a entender intervenções que possam ajudar .

Os estudos analisaram os efeitos de estímulos auditivos em situações de estresse no trânsito intenso.

Desta maneira, um momento recomendado seria numa situação em que a pessoa estivesse estressada, mas sem uma grande necessidade de atividade cognitiva”, disse o professor da Unesp.

É preciso atenção

Apesar do hábito fazer bem, é necessário estar sempre atento para não se distrair com a música e acabar causando algo grave.

“Caso a pessoa se envolva muito com a música durante o trânsito e perca a noção das pessoas e objetos ao seu redor, ela pode se envolver em colisões ou até atropelamentos.

Isso ocorre porque o sistema cognitivo se preocupa mais em ouvir música do que dirigir. Portanto, muita cautela quando ouvir música no carro”, orientou.

O estudante de medicina José Elias é um dos muitos que têm a música como aliada nas longas viagens. Ele relata que é acostumado a viajar cerca de duas horas por dia, contando ida e volta, de sua casa, que é em outra cidade, até a faculdade.

Para isso, conta com uma boa playlist que o ajuda nesse percurso.

“Você fazer duas horas de viagem todo dia é muito chato. Com a música, você fica cantando e se entretendo”, relatou.

O que diz a Lei

O art. 228 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) diz que utilizar um equipamento de som no veículo com volume ou frequência que não sejam autorizados pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran) configura uma infração grave.

A penalidade é uma multa no valor de R$ 195,23, 5 pontos na CNH e retenção do veículo para regularização.

Desde 2016, o Conselho estabeleceu que aplica-se a multa quando o motorista é flagrado com o som do carro audível do lado externo do veículo, independentemente do volume, perturbando o sossego público.

Além disso, o CTB tem um item específico proibindo expressamente dirigir com fones de ouvido, uma vez que isso pode fazer com que o motorista não ouça buzinas ou outros sons de alerta durante a condução.

A regra vale independentemente do condutor estar com o fone nas duas orelhas ou não.

Fonte: Dourados Agora