por Maíra Santafé

Alguns petroleiros ainda questionam a FUP e os sindicatos por grafarem em seus boletins e documentos Petrobrás com acento. Este é um debate que merece novamente estar em pauta na nossa categoria. Um simples acento ou um erro de grafia como alguns acreditam tem na verdade um cunho essencialmente ideológico. A FUP voltou a acentuar Petrobrás em fevereiro de 2002, após decisão conjunta com todos os sindicatos de petroleiros.

Para quem não sabe ou não se lembra, Petrobrás era acentuada até o início da década de 90. Em 1994, a logomarca foi modificada e a palavra Petrobrás perdeu o acento agudo no brás. A decisão, que contrariou todas as regras ortográficas do português, não foi aleatória. O neoliberalismo impôs ao longo de toda a década de 90 a abertura e intenacionalização da Petrobrás. E na língua inglesa, não existe acento.

Em dezembro de 2000, o então presidente da Petrobrás, Henri Reichstul, tentou alterar o nome da empresa para Petrobrax, alegando dificuldades de compreensão por parte dos estrangeiros. Um dos absurdos comentados por Reichstul na época foi que bras lá fora tinha duplo sentido, pois quer dizer sutiãs em inglês!

Ao pé da letra, Petrobrás não é sigla e sim um siglema, por ser formado pelas sílabas iniciais de Petróleo Brasileiro e não pelas letras – PB. Portanto, um siglema é uma palavra e como tal deve seguir as normas cultas do português. Petrobrás é oxítona terminada em as, logo deve ser acentuada. Assim como Eletrobrás e Radiobrás, ou ainda Nestlé, que, apesar de ser uma marca internacional, não perdeu a identidade da língua.

PETROBRÁS X PETROBRAS

Há diferenças imensas entre a nossa Petrobrás (com acento na sua grafia) e a Petrobras do mercado (sem acento e que quase virou Petrobrax). A Petrobrás que defendemos é uma empresa 100% pública e estatal, com compromisso social. A Petrobras do mercado (sem acento) é aquela que aplaudiu o fim do monopólio; que afundou a P-36, matou trabalhadores e provocou os maiores desastres ecológicos que o país já viu; que retalhou a companhia através da Transpetro e da Refap SA; que puniu e perseguiu trabalhadores, investindo em uma política de RH autoritária e discriminatória, entre tantas outras mazelas que ainda hoje encontram eco em parte significativa do corpo gerencial da companhia

Fonte: Juventude Petroleira