Os primatas são geralmente considerados mais espertos do que os ratos, por exemplo. Porém, em uma nova descoberta, os pesquisadores de neurociência da Universidade de Chicago e do Laboratório Nacional de Argonne descobriram que os ratos, na verdade, têm mais sinapses conectando os neurônios em seu cérebro.

Em um estudo comparando os cérebros de macacos e camundongos no nível sináptico, os pesquisadores descobriram que os primatas tinham muito menos sinapses por neurônio em comparação com os roedores, tanto em neurônios excitatórios quanto inibitórios na camada 2/3 do córtex visual. 

Sendo assim, usando modelagem de rede neural recorrente artificial, a equipe foi capaz de determinar que o custo metabólico de construção e manutenção de sinapses provavelmente leva redes neurais maiores a serem mais esparsas.

A equipe de pesquisa, composta por cientistas dos laboratórios de David Freedman, no Argonne National Laboratory, alavancou avanços recentes em microscopia eletrônica, assim como dados existentes publicamente disponíveis para comparar a conectividade em ambas as espécies. 

Depois de reconstruir as imagens de microscopia e medir as formas de 107 neurônios macacos e 81 neurônios de camundongos, a equipe analisou cerca de 6 mil sinapses nas amostras de macacos e mais de 9.7 mil sinapses nas amostras de camundongos. 

Ao comparar os conjuntos de dados, eles descobriram que os neurônios dos primatas recebem de duas a cinco vezes menos conexões sinápticas excitatórias e inibitórias do que os neurônios de camundongos semelhantes. Para Gregg Wildenberg, este trabalho mostra que, embora haja mais conexões totais no cérebro, se observar por neurônio, os primatas na verdade têm menos sinapses.

“O cérebro é apenas cerca de 2,5% da nossa massa corporal total, mas requer cerca de 20% da energia total do corpo”, disse Wildenberg. Ele comentou “acredita-se que a maior parte dessa energia seja gasta nas sinapses, tanto na energia para se comunicar através das sinapses, mas também para construí-las e mantê-las.”

De acordo com os pesquisadores, os resultados ajudarão a informar pesquisas futuras em primatas e camundongos, bem como nas comparações entre os dois. Além disso, Rosen apontou que compreender as diferenças entre as espécies pode ajudar a esclarecer os princípios gerais do cérebro para entender melhor o comportamento.

“Ninguém trata um camundongo e um primata da mesma maneira; eles se comportam de maneira diferente. Essas observações fundamentais das diferenças anatômicas entre os dois podem nos permitir extrair princípios gerais que podem ser aplicados em todas as espécies, bem como o que é único para cada animal”, concluiu.

Fonte: Olhar Digital