Resultado de uma das primeiras Parcerias Público Privadas (PPPs) firmadas pela Prefeitura e inaugurado em abril de 1998 ao som da Orquestra Sinfônica do Paraguai, com a presença do então presidente do país vizinho , Juan Carlos Wasmosy, do governador do estado na época, Wilson Martins e o auditório com capacidade para 420 pessoas lotado, o Teatro Municipal de Dourados é um exemplo de que a cultura, embora figure sempre como prioridade nas campanhas eleitorais, na gestão o vitorioso (a) acaba por deixar o setor no que em futebol seria “de escanteio”.

A PPP que resultou na construção do teatro foi uma engenhosa ideia levada a cabo pelo ex-prefeito Braz Melo e o grupo controlador do Shoping Avenida Center. “A sugestão inclusive foi feita pelo Grupo, que é do Paraná e já tinha feito parcerias do tipo com prefeituras de lá”, contou o ex-prefeito em entrevista a O Progresso. Justiça seja feita, muito se deve, em se falando de teatro municipal, a Braz. A parceria se deu por objetividade: o Grupo queria construir o Shopping e não tinha o terreno. A prefeitura tinha o terreno e a construção de um espaço para apresentações artísticas era um clamor tanto dos produtores culturais como da cidade em geral.

Foi nesse cenário que se formatou a parceria: a prefeitura cederia o terreno ao lado da Rodoviária e o Grupo construiria o teatro. No edital, uma perspicácia do então prefeito: a construção do teatro teria que anteceder a construção do Shopping. A construção do espaço cultural levou em torno de cinco anos, com interrupções ocasionais e finalmente, como relatado acima, inaugurado na segunda gestão de Braz Melo.

De lá para cá não recebeu sequer uma pintura. No final da gestão anterior foi feito um orçamento e se chegou à cifra de 2 milhões para ser executada a necessária reforma, sem a qual em breve pode ficar totalmente sem condições de uso devido ao desgaste de todas as estruturas: acústica, iluminação, hidráulica, elétrica, piso, forro, assentos e pintura, dentre outros inúmeros problemas.

Há poucos dias o prefeito Alan Guedes anunciou que a reforma do teatro será incluída no pacote de obras s serem executadas com recursos de um empréstimo que será buscado junto ao Fonplata (Fundo Financeiro para o Desenvolvimento da Bacia do Prata) no valor de até 40 milhões de dólares com garantia da União para aplicação no “Programa de Desenvolvimento de Dourados – Desenvolve Dourados”. A iniciativa é louvável, mas segundo Braz enquanto esse projeto não sai do papel seria de bom tom que se buscasse outras alternativas para obtenção dos recursos necessários para a reforma. “Claro que torço para que o prefeito tenha sucesso e vença a burocracia no mais breve tempo possível, mas temos que lembrar que por ser uma quantia vultosa e ter a União como fiadora o processo terá que passar pela Comissão de Relações Exteriores do Senado e outras instancias e isso pode levar até dois anos e meio”, ponderou o ex-prefeito, que apresentou alternativas que, a seu ver, podem viabilizar com mais rapidez os recursos para a reforma.

“Temos os recursos do Fundo gerado pelas multas aplicadas pelo Procon e de outros Fundos cuja aplicação não tem destinação obrigatória como o Fundeb. Temos as emendas parlamentares estaduais e federais, individuais ou de bancada. E temos ainda o duodécimo da Câmara Municipal, que via de regra é devolvido para a Prefeitura”, elencou. “Acredito que precisamos de uma força-tarefa para devolver esse patrimônio cultural à população, com condições de uso e o mais breve possível”, conclamou Braz Melo. Essa é, também, a expectativa dos produtores culturais da cidade.

Fonte: Dourados Agora