Especialistas afirmam que apenas meio grau no aumento da temperatura da Terra já poderá trazer danos irreparáveis ao meio ambiente – um medo amplamente fomentado pela ampliação do aquecimento global.

Segundo o mais recente Painel Intergovernamental da Mudança Climática (IPCC) da ONU, a situação é extremamente preocupante, mesmo considerando todos os compromissos firmados pelos países signatários do Acordo de Paris.

Imagem mostra um urso polar em pé sobre um bloco de gelo à deriva no oceano
Com apenas meio grau de aumento na temperatura média da Terra, o gelo pode sumir dos mares em ciclos de 10 em 10 anos, afetando diversas espécies animais e vegetais (Imagem: FloridaStock/Shutterstock)

Segundo a organização mundial, a Terra já aumentou em um grau a sua temperatura média desde o século XIX. Os países que assinaram o Acordo de Paris prometeram reduzir as suas emissões, fazendo com que a Terra não passe – em hipótese alguma – da marca de 1,5ºC. O problema: nós estamos bem longe do objetivo.

Isso porque, de acordo com análises estimativas, no melhor cenário possível, ou seja, todas as regulamentações ambientais passadas sendo religiosamente obedecidas, emissões reduzidas amplamente e de forma geral – sem risco de retomada sazonal – e muita sorte, nós conseguiríamos posicionar a temperatura da Terra em um aumento de… 2,7ºC.

Segundo especialistas a serviço da ONU, apenas o caminho entre o 1,5ºC (objetivo do Acordo) e a marca de 2ºC – ou seja, meio grau – já seria bastante problemático: o primeiro efeito seria um oceano ártico completamente sem gelo uma vez a cada 10 anos (100 anos, com meio grau a menos).

Outro efeito seria na humanidade: ondas extremas de calor mais que dobrariam, afetando de 14% (1,5ºC de aumento) a 37% (2ºC) dos seres humanos e cerca de 250 milhões de pessoas enfrentariam períodos regulares de seca.

No que tange ao clima, regiões subtropicais (como o Brasil) teriam cada vez menos chuva, o que ampliaria períodos de seca já existentes. Paralelamente inverso a isso, regiões de alta latitude ao norte e sul do Equador enfrentariam chuvas intensas e tempestades com maior frequência, com 1,5 vez mais probabilidade e até 10 vezes mais extremas. Pense nos furacões que atravessam os EUA: eles seriam cada vez mais comuns.

Em regiões predominantemente secas, o volume de incêndios naturais aumentaria exponencialmente, e em um mundo dois graus acima dos níveis pré-industriais faria com que 10% de todo o solo usado em agriculturas se tornasse infértil: plantações de milho perderiam até 7% de seus volume nessas condições.

O nível do mar também mudaria drasticamente: com 1,5ºC a mais, ele aumentaria 10 centímetros, aproximadamente. Meio grau a mais – 2ºC – jogaria o mar meio metro para cima, com dois metros subindo até o ano de 2300 – esses números representam o dobro da conclusão tirada pela própria ONU em 2019.

Nesses números, cerca de 240 milhões de pessoas seriam afetadas, sobretudo em áreas como China, Vietnã, Bangladesh, Índia e Indonésia. Cidades como Miami e Nova Orleans, posicionadas em áreas litorâneas de alta movimentação marítima nos EUA, também sofreriam impactos severos, enquanto Nova York e o centro do país podem ver aumentar a frequência de inundações.

Fonte: Olhar Digital