Salvar o planeta terra. Passou da hora! Contribuir para a sinergia de ações no mundo pós-pandemia. Outras virão
A julgar pelas notícias veiculadas pelos órgãos de imprensa mundial e que nos chegaram da Itália aos borbotões dos impulsos digitais não foi uma semana boa para o país.
Aquele secular ditado, uma imagem vale mais de mil palavras, lá se confirmou. O que se viu, trouxe uma vergonhosa ruborização aos nossos patrícios.
Antes de elencar os fatos alvos de críticas, precisamos iluminar os objetivos da presença dos chefes de governo na reunião do G-20, grupo que reúne as maiores economias do mundo contemporâneo.
Salvar o planeta terra. Passou da hora!
Contribuir para a sinergia de ações no mundo pós-pandemia. Outras virão!
A declaração assinada pelos países é um documento balizador de intenções. Firmou-se após dias de negociações e logrou atingir um consenso sobre as metas climáticas e distribuição de vacinas contra a Covid-19 em todo mundo.
Critica-se a superficialidade do acordado. Mas, como defendia o imperador romano Augusto: “o que é feito no tempo certo, é feito corretamente”.
Sem frustrações, na diplomacia isso já é uma grande vitória! Agora é momento de ação.
Vamos ao roteiro não oficial da delegação brasileira: pão com salame em mercado da cidade eterna; saída pelos fundos do hotel para visita a pontos turísticos; intromissão em conversa de outros chefes de governo; agressões verbais e físicas a jornalistas; confronto de apoiadores e adversários com a polícia italiana; citação errônea sobre interlocutor; brincadeiras de mau gosto com uma autoridade feminina…
Os deslocamentos da comitiva pareciam os daqueles grupos imortalizados no filme Peaky Blinders, série do NETFLIX.
É transparente aos mais esclarecidos que não conseguiremos defender nossas posições perante o mundo se não estruturarmos argumentos e não substituirmos os vocalizadores.
Somos o patinho feio da crise ambiental, do radicalismo de direita, da má gestão no combate à pandemia, da economia em encolhimento.
Muitas ações são defensáveis, mas o que expomos na banca da feira de frutas e verduras parece resto da xepa e ninguém mais os quer comprar.
A diplomacia não se sustenta em factoides de momento. Ela é uma ciência, exige profissionalismo.
O corpo de diplomatas do Barão do Rio Branco é reconhecido âmbito mundial. É dos melhores. E vem fazendo o seu trabalho. Mas, por disciplina intelectual, não pode opor-se claramente à mensagem confusa emanada do decisor político, sempre em viés eleitoral.
O dono da banca é o chefe de governo. Os vendedores são os agentes da política externa do país. A mágica está em arrumar a mercadoria, molhar sempre, ter uma musiquinha para chamar o freguês, atender sorrindo e, primacialmente, um bom produto para oferecer.
Ao fim e ao cabo tudo se resume em comunicação. Em comunicação bem planejada. Em comunicação bem treinada. Em comunicação bem executada.
O cliente sabe. Não gostou, não compra naquela banca, o mercado tem boas opções.
Nas relações humanas e seus reflexos no campo político, quando você é o único certo, há uma única certeza: você é o único errado!
Em boa hora, nossas homenagens aos pracinhas que lutaram em solo italiano.
Ao Senhor Miguel Pereira, guardião do Monumento Votivo Militar Brasileiro em Pistóia, filho de um febiano com uma italiana.
Aos heróis que jazem no monumento aos mortos da segunda guerra mundial no Aterro do Flamengo.
Combateram contra o nazifascismo e, no retorno, restabeleceram a democracia em nosso país.
“A cobra fumou”.
É justa a referência!
Paz e bem!
Otávio Santana do Rêgo Barros. General de Divisão R1
Fonte: Metropóles