O número de animais domésticos abandonados nas ruas de Dourados cresceu pelo menos 70% durante a pandemia, segundo estimativa da ONG Abana Rabo, entidade voltada à causa animal. A crise econômica provocada pelo coronavírus é um dos principais fatores que motivaram este aumento. Com o desemprego e a queda na renda familiar, muitos tutores acabam abandonando os animais nas ruas, sem saber que na verdade estão cometendo um crime. Nas ruas, os animais têm dificuldades para encontrar alimento e abrigo e estão sujeitos a brigas, atropelamentos e maus-tratos, além do risco de contrair doenças.
A diretora da ONG Abana Rabo, Gisele Pizzini Velloso, explica que em seis anos de trabalho já são mais de 400 animais resgatados nas ruas da cidade. A maior parte deles, segundo ela, chega ao abrigo através de denúncias e com a saúde bastante debilitada. Ela lembra que os animais não são descartáveis e abandoná-los é crime. No ano passado, uma alteração na lei federal de 1998 aumentou a pena para até cinco anos de detenção para crimes de maus-tratos a cães e gatos.
“Durante a pandemia, o número de animais abandonados cresceu muito, em torno de 70%. Muita gente perdeu o emprego ou teve redução na renda, e infelizmente no momento de crise financeira, a primeira coisa que a pessoa faz é abandonar o animal à própria sorte, pensando que na rua ele irá ‘se virar’ e achar um novo dono”, destaca Gisele Pizzini. O aumento no preço da ração também é um fator preocupante – o alimento está 50% mais caro, tornando-se inviável para muitas famílias. “A verdade é que muita gente tem animal sem ter condições para isso. Não basta ter amor, é preciso ter condições financeiras, físicas e emocionais, além de espaço e tempo. A adoção de um animal é uma coisa muito séria”, destaca.
Segundo Giselle, no momento do resgate, muitos animais estão bastante debilitados – além da desnutrição, apresentam doenças como cinomose, parvovirose, sarna e leishmaniose, além de fungos, vermes e até doenças venéreas. Outra grande preocupação é quanto ao aumento na população de animais, já que boa parte não é castrado e fica nas ruas se reproduzindo de forma descontrolada.
Doações
Há 3 anos e meio, a ONG Abana Rabo conseguiu um espaço na área central de Dourados, que hoje funciona como abrigo. Lá, depois de resgatados, os animais são tratados, alimentados e recebem toda a assistência necessária.
“Na ONG todos eles têm cama, casinha, tapete, ração, além de atendimento veterinário, remédio e muito amor. Depois que o animal está bem e é liberado para adoção, fazemos todo o acompanhamento com ligações, fotos e até visitas para ter certeza que está tudo bem e que este animal não está sendo vítima de maus-tratos novamente”, garante.
Segundo ela, a entidade precisa e depende de doações para manter os atendimentos, que muitas vezes são custeados pelos próprios membros da Abana Rabo. O custo com médico veterinário e medicamentos é altíssimo, além de gastos com ração e acessórios necessários para os cuidados com os animais.
Quem estiver interessado em contribuir com a causa e fazer qualquer tipo de doação pode conhecer o abrigo, que fica na rua Cuiabá, nº 2062, ou pelo telefone (67) 99972-1778.
Por: Ana Paula Amaral
Fonte: Dourados Agora