Estudantes “têm direito a uma formação intelectual que os habilite a atuar em esferas sociais mais amplas que as de igrejas e seitas”, diz o editorial do jornal, contra a “central de denúncias” baseada no “escola sem partido” lançada pelos ministros
Em duro editorial, a Folha de S.Paulo atacou nesta segunda-feira (25) o que classifica como “vocação autoritária” do ministro da Educação, Abraham Weintraub, e da ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, que teriam se associado “para criar uma atmosfera policialesca em todas as salas de aula do país”.
O jornal faz alusão à “central de denúncias” lançada pelos dois olavistas do governo Jair Bolsonaro inspirada no movimento escola sem partido para constranger educadores que “rezem” fora da cartilha do conservadorismo cristão de ultradireita defendido por eles.
“Sim, alunos e pais têm direito a ver respeitadas suas convicções religiosas em sala de aula. O princípio não lhes dá autoridade, contudo, para exigir que o professor ensine explicações criacionistas sobre a origem da vida e da espécie humana em pé de igualdade com a teoria da evolução por seleção natural, consagrada pela ciência. Equiparar ambas as explanações implicaria desrespeitar estudantes. Eles também têm direito a uma formação intelectual que os habilite a atuar em esferas sociais mais amplas que as de igrejas e seitas”, diz o texto, citando apenas um dos exemplos que devem ocorrer.
Para a Folha, valores particulares ou religiosos não têm cabimento no ensino público, muito menos para policiá-lo. “O Estado é laico. Ponto”, finaliza o texto.
Fonte: Revista Fórum