Após a prisão do fonoaudiólogo Wilson Nonato, de 30 anos, famílias de 16 crianças já procuraram a Depca (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente). Até o momento foram confirmadas 4 vítimas e, nesta quinta-feira (17), a polícia recebeu uma lista de 75 crianças que passaram por atendimento com o acusado em 2022.

Segundo a delegada titular da Depca, Fernanda Mendes, nesta quinta Wilson foi interrogado sobre três inquéritos já instaurados. No entanto, permaneceu em silêncio alegando que daria esclarecimentos apenas em juízo. Apesar de não dar respostas, o acusado também não negou os crimes.

Preso preventivamente, ele foi encaminhado para o Presídio de Segurança Máxima da Gameleira. A delegada Fernanda ainda relatou que em um dos crimes, Wilson chegou a tampar os olhos da vítima com a máscara de proteção para praticar o ato libidinoso.

Delegada Fernanda Mendes (Foto: Leonardo de França)

A delegada esclareceu que outros 20 profissionais trabalham na mesma clínica, de forma correta. O espaço já realiza atendimentos há mais de 10 anos e logo após o ocorrido a proprietária solicitou instalação de câmeras de monitoramento nas salas e em todo ambiente.

Sobre o fato de os pais não poderem participar das sessões, a dona da clínica esclareceu que esta proibição não existe e que isso era algo que apenas o fonoaudiólogo fazia. Há suspeita de que ele tenha atendido ao menos 200 crianças desde que começou a trabalhar no local.

Natural de Manaus, Wilson chegou em Campo Grande em abril de 2021 e logo começou a atender. Ele está preso desde o dia 9 de março, quando foi detido em flagrante por abusar de um menino durante a sessão de atendimento.

Wilson foi indiciado por estupro de vulnerável, crime que prevê pena de 8 a 15 anos. A Polícia Civil trabalha para tentar identificar outras possíveis vítimas do acusado. A delegada Fernanda ainda esclareceu que as famílias das outras 12 crianças que não confirmaram os abusos foram orientadas a encaminharem elas para tratamento psicológico.

Isso, porque como não se comunicam bem, têm problemas na fala, o fato de não terem confirmado os atos em depoimento não confirma totalmente que não tenham sofrido algum tipo de abuso por parte do fonoaudiólogo.

Até o momento, todas as vítimas confirmadas do acusado são meninos. Ele conquistava a confiança dessas crianças e oferecia recompensas, como doces. Durante os atendimentos, quando deitava os meninos na maca, passava a mão nos órgãos íntimos dos meninos. Em todos os inquéritos foi feito pedido de prisão preventiva do acusado.

O Midiamax até o momento preservou o nome do acusado, até que fosse confirmado o indiciamento, para proteção das vítimas. Famílias de crianças que tenham passado por atendimento com Wilson devem procurar a Depca, que fica localizada na Rua Dr. Arlíndo de Andrade, 145, no Amambaí.