Mídia afirma que moradores estão sendo forçados a ir para Rússia
A situação da cidade portuária de Mariupol, na Ucrânia, se agrava dia após dia e, neste domingo (20), Kiev acusou a Rússia de atacar uma escola de arte em que cerca de 400 civis buscavam abrigo.
Em mensagem no Telegram, repercutida por diversas emissoras, as autoridades municipais informaram ainda que há pessoas sob os escombros e que a estrutura da instituição de ensino foi totalmente destruída. No entanto, não é possível verificar a informação de maneira independente. Esse é mais um ataque contra alvos civis, como ocorreu com um hospital e o teatro da cidade.
Também neste domingo, militares ucranianos que fazem a defesa da cidade sitiada, incluindo os membros do chamado Regimento Azov – grupo neonazista famoso no país – informaram que a Marinha russa disparou “com armas pesadas” de navios de guerra que estão na costa do litoral.
Em um novo vídeo postado nas redes sociais, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou que o assédio a Mariupol passará para a história como “crime de guerra” do Exército russo.
“Fazer isso contra uma cidade pacífica… o que estão fazendo os ocupantes é uma coisa terrível que será lembrada pelos séculos que virão”, disse o mandatário.
Mariupol é uma cidade estratégica no Mar de Azov e está sitiada desde os primeiros dias de guerra. Se os russos a conquistarem, conseguirão fazer uma espécie de corredor entre a península da Crimeia – anexada unilateralmente em 2014 – e as áreas separatistas de Donetsk e Lugansk.
No entanto, a resistência da cidade está sendo maior do que a esperada pelos russos e, por isso, as forças armadas usaram como estratégia “sitiar” todos que estavam dentro da localidade.
Apenas no dia 14 de março um corredor humanitário foi aberto e, mesmo com os ataques, milhares de pessoas têm conseguido fugir do bloqueio russo.
Estima-se que a cidade tinha cerca de 350 mil dos seus 400 mil habitantes presos ali por mais de duas semanas. Só entre este sábado (19) e o domingo, mais de quatro mil pessoas fugiram.
O governo local fala em mais de 20 mil mortes de civis desde o início da invasão.
Porém, o jornal “Kyiv Independent”, citando autoridades locais, informou que muitos dos cidadãos estão sendo obrigados a ir para cidades russas. “Os civis estariam sendo levados a campos onde os russos controlam os seus celulares e os seus documentos e depois são deportados para cidades remotas da Rússia”, acusa o jornal.
A mesma acusação foi feita pela defensora cívica de Direitos Humanos da Ucrânia, Ludmila Denisova, afirmou, em uma mensagem no Telegram repercutida pelo jornal “The Guardian”, que “nos últimos dias, diversos milhares de residentes de Mariupol foram deportados para a Rússia”.
“Tratam-se de pessoas do bairro do lado esquerdo do rio e do refúgio antiatômico do clube esportivo onde mais de mil pessoas (a maioria crianças e mulheres) se esconderam dos bombardeios constantes. É conhecido que os residentes de Mariupol capturados foram levados para campos de controle, onde tem os documentos apreendidos. Depois de uma inspeção são transportados até Taganrog e dali para outras cidades economicamente falidas da Rússia. Os nossos cidadãos recebem documentos que o obrigam a ficar na cidade e não tem o direito de deixá-la por ao menos dois anos com a obrigação de trabalhar onde foram designados”, disse a representante.
Novamente, as informações não podem ser verificadas de forma independente.
Da AnsaFlash