O ex-presidente Lula participou neste sábado (26) do Festival Vermelho, o evento que marcou os 100 anos do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), realizado no Caminho Niemeyer, um equipamento público na orla de Niterói (RJ), e que reuniu as principais lideranças de esquerda do país. O encontro acabou servindo como um ponto de partida para que todos os setores progressistas brasileiros alinhassem o discurso e dessem início à jornada eleitoral que pretende levar o ex-chefe de Estado de 76 anos de volta ao Palácio do Planalto nas eleições de outubro deste ano.

Discursando para uma multidão e cercado pelos principais nomes dos partidos de esquerda e dos movimentos sociais brasileiros, Lula inflamou a plateia e falou sobre os principais feitos de seus oito anos de governo e sobre os planos para voltar à Presidência e ajudar o país a se recuperar da devastação socioeconômica imposta pelo governo ultrarreacionário de Jair Bolsonaro, a quem chamou de fascista.

Confira alguns trechos do discurso de Lula e assista ao vídeo do evento na íntegra. A participação do petista começa a partir de 1’35’00:

“O nosso país é um país com uma elite escravista, e esse escravismo ainda está contido em cada célula de cada representante da elite brasileira. E é por isso que nós, mesmo passando tanto tempo do fim da escravidão, ainda temos um preconceito racial, que talvez nenhum país do mundo tenha tanto como o Brasil.”

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“Eu quero dizer uma coisa a vocês, e o Haddad é testemunha, que é sobre o avanço que nós tivemos na educação brasileira, que se deve à parceria que nós fizemos com a União Nacional dos Estudantes, e principalmente com a coragem da UNE de enfrentar setores fascistas da sociedade, que não queriam, por exemplo, que a gente criasse o Prouni. A UNE esteve 100% do nosso lado e isso eu não esqueço nunca.”

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“Eu devo dizer a vocês que durante um tempo eu pensei se deveria ou não ser candidato à Presidência. E pensei nisso porque o mais difícil não é ganhar as eleições. Vocês sabem que esse fascista que está governando esse país, ele não só não fez nada pelo povo brasileiro, como ele destruiu as instituições que nós construímos e os programas sociais que permitiram que milhões de brasileiros participassem do crescimento econômico desse país. Quando nós assumimos a Presidência da República em 2002 o Brasil tinha uma dívida interna de 65% do PIB, o Brasil devia 30 bilhões ao FMI e o Brasil não tinha dinheiro para pagar suas importações, a ponto do ministro Mallan, todo fim de ano, ir a Washington pegar empréstimo para fechar as contas. O Brasil nunca tinha tido a experiência de ter reservas internacionais. Passado cinco anos de governo, a gente pagou a dívida do FMI, e a gente ainda emprestou 15 bilhões de dólares ao FMI, a gente fez uma reserva de 370 bilhões de dólares, a gente reduziu a dívida de 65% para 32% do PIB, aumentamos o salário mínimo em 74% e fizemos a maior política de inclusão social que esse país já viu.”

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“Antes de eu chegar ao governo, quando se fazia oposição nesse país, havia muita discussão. Primeiro a economia cresce, pra depois a gente dividir, ou a gente divide pra ver ela crescer? Era uma dívida mortal dos economistas. Então eu falei, vamos tentar fazer os dois conjuntamente. Nós vamos distribuir e vamos crescer, vamos crescer e vamos distribuir. E então começamos a fazer pequenas coisas. É nessa hora que a gente define que uma quantidade muito grande do povo pode ter nem que seja um pouquinho de dinheiro, a gente começa a fazer uma pequena distribuição de riqueza.”

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“A primeira coisa que a gente tem que fazer é colocar o povo pobre no orçamento do Estado. O povo tem que entrar no orçamento das prefeituras, o pobre tem que entrar no orçamento dos estados e o povo tem que entrar no orçamento da União. E a contrapartida pra gente colocar o pobre no orçamento é a gente colocar o rico no imposto de renda.”

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“Eu viajei o mundo e mostrei pra todo mundo que o pobre não é um problema, o pobre é a solução. Na hora que você coloca o pobre do trabalho, dentro do mercado, há circulação de dinheiro nesse país.”

Vídeo: