por Helio Carlos Mello

De frases auspiciosas vou me alimentando, já que o revisionismo avança.  De Bertold Brecht republicam agora, que do rio, que tudo arrasta, diz-se que é violento. Mas ninguém chama violentas as margens que o comprimem

Assim como Jesus também sobe em pés de goiaba, também anda em helicópteros, para não se cansar tanto. Vai de barco ou internet, vai de carta ou alforria mesmo. Os povos isolados não terão muito como se resguardar da visão do Senhor, mesmo que esse, há tantos séculos, tenha partido para as estrelas, mas não lhe dão sossego. 

Coitado de Jesus, tão boa pessoa, deu a vida pelo amor, bondade e perdão. Condenou aqueles que  por moedas queriam o templo, mas negócios são negócios, e gente isolada também gera dividendos, mesmo que dinheiro não tenha ou nem saiba que igrejas existem.

Fico intrigado com a emoção, aquilo que nos move para fora, quando um indígena desvela, compreende, sucumbi à palavra das igrejas. O que de fato o religa, como a morte, à nova palavra?

Só consigo ver a noite, por mais que imagine.

Há aqueles que pensam em novas tribos, como que ser indígena fosse uma missão. Desentendem o que é origem, não veem o que é ser, não bebem da fonte, desconhecem a boa notícia da vida.

Sei que os anjos, quando há, têm suas asas e sabem nadar quando necessário. Hélices trazem bobagens, enganos vis, mensagens de cão e afogados. Tal um animal extinto, querem recriar a servidão e o arcaico.

Mamutes invadem a terra plana.

Grafites do artista Crânio.*Fotografias por Helio Carlos Mello©

Saiba mais:

https://epoca.globo.com/sociedade/missionarios-compram-helicoptero-para-evangelizar-indios-24277463

Fonte: Jornalistas Livres