Pequim anunciou na quarta-feira (6) uma obrigatoriedade de vacinação contra a Covid-19 para os moradores entrarem em locais públicos, tornando-se a primeira cidade da China continental a adotar a medida, com o objetivo de conter uma subvariante da Ômicron altamente contagiosa.

A partir de 11 de julho, as pessoas precisarão mostrar comprovante de vacinação para entrar em uma ampla variedade de locais públicos na capital chinesa, incluindo cinemas, bibliotecas, museus, academias, estádios e centros de treinamento, disse uma autoridade de saúde da cidade em entrevista à imprensa na quarta-feira.

As pessoas que “não estão aptas” para a vacinação ficarão isentas da exigência, acrescentou o responsável, sem esclarecer como podem apresentar comprovantes da isenção.

Também não está claro como as pessoas que receberam a vacinação no exterior poderão atender ao requisito. Os sistemas de código de saúde da China – que são usados ​​para comprovar a vacinação – atualmente não reconhecem vacinas estrangeiras, e aqueles que foram imunizados no exterior não conseguiram registrar suas vacinas.

Os locais com capacidade limitada ou onde são necessárias reservas são obrigados a priorizar a entrada de clientes vacinados.

Os idosos que visitam locais que oferecem atividades específicas para a terceira idade, como centros recreativos e salas de jogos, devem ser vacinados o mais rápido possível, disse o responsável.

A obrigatoriedade da vacina ocorre quando Pequim relata três casos da subvariante BA.5.2 da Ômicron, que é altamente transmissível e capaz de escapar de anticorpos. Um surto da nova subvariante já fechou a cidade de Xi’an, no Noroeste, onde locais de entretenimento, esportes e religiosos foram fechados – e restaurantes limitados a serviços de entrega – até a próxima quarta-feira (13).

Atraso na taxa de vacinação de idosos

A China continua sendo uma exceção por sua abordagem contínua de zero-Covid, que viu cidades em todo o país – incluindo Pequim e Xangai – recentemente colocadas em bloqueio total ou parcial. A estratégia – que depende de testes em massa, quarentena e bloqueios instantâneos para impedir qualquer ressurgimento do vírus – impactou a atividade econômica.

As autoridades chinesas intensificaram os esforços para aumentar as taxas de vacinação, especialmente entre a população idosa, desde que a Ômicron causou sucessivos surtos este ano.

Em Pequim, os residentes já são obrigados a apresentar comprovante de um teste negativo de Covid-19 realizado dentro de 72 horas para entrar em todos os locais públicos.

A cidade também exigiu que as pessoas que trabalham na prevenção e controle de epidemias, assistência à saúde, transporte público, entrega e outros setores de maior risco sejam totalmente vacinadas.

Em janeiro, 98% dos mais de 20 milhões de habitantes de Pequim foram totalmente vacinados, incluindo 12 milhões de pessoas que receberam uma dose de reforço, de acordo com um comunicado do governo.

Mas a taxa de vacinação entre os idosos é menor. Em abril, 80% dos residentes de Pequim com mais de 60 anos foram vacinados, informou a agência de notícias estatal Xinhua.

Nas mídias sociais chinesas, os usuários foram rápidos em apontar que a obrigatoriedade de vacina de Pequim parecia contradizer a orientação das autoridades nacionais de saúde de que a vacinação deveria ser voluntária.

“Quando a vacinação voluntária se tornou obrigatória?”, diz um comentário feito no Weibo, a plataforma chinesa semelhante ao Twitter.

Em setembro passado, a Comissão Nacional de Saúde disse que era errado os governos locais imporem restrições à circulação de pessoas não vacinadas para acelerar a campanha de imunização – e que tais políticas deveriam ser corrigidas em tempo hábil.

“A vacinação contra a Covid-19 deve ser baseada nos princípios do consentimento informado e (ser) voluntária”, disse Wu Liangyou, vice-chefe da comissão, em entrevista à imprensa.

Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.

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