Pesquisa da CNI (Confederação Nacional da Indústria) realizada este ano, mostrou que um em cada quatro brasileiros não conseguia pagar todas as contas do mês. Nesse cenário, 69% da população diz não conseguir guardar dinheiro, por não sobrar recurso no fim do mês.
O ano de 2022 não foi financeiramente fácil para o brasileiro. Alta no preço dos alimentos, dos combustíveis, inflação em crescimento e como consequência, custo de vida mais caro. Em Campo Grande o cenário financeiro não é diferente, onde, 60,9% dizem estar endividados, sendo 16,2% muito endividados.
O que as pessoas dizem sobre as finanças
José Ferreira, 54, é empresário e diz que geralmente aproveita o fomento das vendas de fim de ano para fazer uma reserva e pagar as contas do começo do próximo ano. “Para conseguir cumprir com as obrigações, como IPVA, IPTU. Sempre tento pagar a vista pra ficar mais barato. E se sobrar eu compro alguma coisa para consumo próprio”.
Ele admite que poucas vezes sobra dinheiro para reserva, mesmo sabendo da importância dela. “Mas é sempre bom ter uma reserva, de crédito ou em dinheiro”, diz.
A atendente Larissa da Silva Mendes, 21, diz que tentou se planejar durante todo o ano, mas tem muitas contas para pagar. “Fim de ano a família se junta e gasta muito. Chega janeiro e é só o dinheiro das contas mesmo”.
Para o operador de máquina Gabriel Franco, 22, a vida é um verdadeiro só se vive uma vez. “Eu gasto tudo, eu meto o louco. Gasto com peças, pneus, deixo a moto zera para o rolê”, diz ele sobre as contas do mês.
Mas para Patricia dos Santos Lima, 32, é o contrário, a vida é planejamento. “Estou em dois empregos porque quero comprar uma moto. Desde outubro me programando e quero pegar ela em março, para isso estou guardando um dos salários. Também estou parando com as baladas e as bebidas”, diz ela.
Dicas de quem entende do assunto
Há poucos dias de iniciar um novo ano, especialista em finanças pessoais e doutor em economia, o professor Mateus Abrita dá dicas sobre como equilibrar as contas. Para ele, o ponto fundamental é pôr as contas no papel, ou em um aplicativo, o que chama orçamento doméstico.
Com os boletos a pagar detalhados, é hora de priorizar gastos e cortar supérfluos. Na prática é pagar o que tem que ser pago e deixar de fazer novas dívidas. Com as finanças mais equilibradas, é necessário começar a pensar na reserva de emergência, retirando parte do salário e guardando.
Ele dá a dica. “Poupe e invista em torno de 10 a 30% da sua renda. Use o crédito com sabedoria, ele pode ser seu aliado ou se tornar uma bola de neve. Evite as modalidades com taxas muito altas, como rotativo do cartão e cheque especial; Caso esteja no vermelho, busque trocar dívidas com juros altos por baixos”, diz o especialista.
Para manter as finanças no azul, a rotina precisa de ajustes. Entre as mudanças, faça sempre lista de compras,inclusive no supermercado, assim você minimiza tentações. Evite sempre as compras por impulso e pesquise preços e produtos similares.
Vai comprar à vista? Aproveite para barganhar e pedir descontos. Além disso, Mateus alerta para cuidado com propostas milagrosas de superinvestimentos e com vícios, como bebida, jogos e cigarro, que podem consumir boa parte da sua renda. “Encontre prazer das pequenas coisas, geralmente não é necessário grandes extravagâncias para ter momentos de alegria e bem viver”.