POR MAXWELL CUNHA SANTOS, IMAGENS POR MONALISA COELHO
Segundo a Secretaria de Direitos Humanos do Estado, a medida visa conter o índice crescente de conflitos e mortes em aldeias daquela TI.
Visita do secretário com o delegado da Polícia Civil ao local do crime que vitimou Zezico Rodrigues Guajajara , encontrado morto nesta terça-feira.
Nesta semana, novos crimes voltaram a acontecer na TI Arariboia, no Maranhão. No último dia 02 de abril, foi assassinado o líder indígena e diretor da escola indígena Azuru da Aldeia Zutiua, Zezico Guajajara. Já neste sábado (04), outro crime voltou a preocupar comunidade indígena. Desta vez, atentaram contra a vida de Antônio Filho Providência Guajajara. O crime aconteceu entre as aldeias Cafeteira e Katu. Antônio foi levado às pressas para a cidade de Imperatriz onde passou por intervenção cirúrgica, na manhã de hoje, e segue em observação.
O secretário de Estado dos Direitos Humanos e Participação Popular, Francisco Gonçalves, que esteve na TI Arariboia, com o delegado superintendente de Polícia Civil do Interior Guilherme Campelo e a líder indígena Sônia Guajajara, acompanhando as investigações da morte de Zezito, afirmou que a situação precisa da atenção imediata do Governo Federal. Nesse sentido, o secretário expediu ofício ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, na manhã de hoje, solicitando o urgente deslocamento dos agentes da Força Nacional para a TI Arariboia para garantir segurança e evitar novos conflitos e mortes. Além disso, solicitou determinação à Polícia Federal para que haja uma rápida apuração rigorosa destes e outros casos e as suas vinculações com o crime organizado na região.
A líder indígena Sônia Guajajara também exigiu celeridade nas investigações por parte da Justiça Federal, “é lamentável que a morte de Zezico se constitua em mais um número nessa estatística de violência que só cresce em nossa região e que traz insegurança para todo mundo. É muito importante que haja uma investigação séria neste caso”, pontuou.
Para Edilena Krikati, coordenadora das Organizações e Articulações dos Povos Indígenas do Maranhão (Coapima), a violência e o preconceito para com os povos indígenas sempre existiram mas, de 2019 pra cá, aumentou muito o discurso de ódio e discriminação. “Os fatores externos e a relação nada amistosa entre indígenas e não indígenas trazem consequências desastrosas e que muitas das vezes descambam para a violência e são as principais causas das mortes nas aldeias”, ponderou.
Foi o crescimento desses conflitos em um contexto de disputa do território por grupos políticos, tráfico e madeireiros que, segundo Francisco Gonçalves, motivaram o Governo do Estado a criar medidas de colaboração com o Governo Federal e, simultaneamente, a exigir maior eficiência na proteção e nas investigações. “É prerrogativa do Ministério da Justiça e da Polícia Federal investigar crimes cometidos dentro de Territórios Indígenas, mesmo assim, desde o fim de 2019, o governador Flávio Dino criou através de Decreto a Força-Tarefa Vida (FT-Vida), que tem como finalidade colaborar junto aos órgãos federais. Desde a sua criação, a FT-Vida já foi responsável por inúmeras apreensões caminhões transportando madeira ilegal e até por prisões de criminosos nesses territórios”, explicou.