A confirmação do Ministério da Agricultura, nesta quinta-feira (2), de que o caso de vaca louca registrado no Pará é atípico, ou seja, em animal idoso e isolado, a China pode suspender o envio de delegação técnica que visitaria o Brasil. A China, assim como a Tailândia, , Jordânia e Rússia suspenderam compra da carne brasileira desde o fim de fevereiro.

Após a confirmação do caso atípico, a China, que já tinha confirmado envio de equipe técnica ao Brasil para avaliar a situação, sinalizou ao governo brasileiro que deve dispensar a fiscalização. A expectativa é que os chineses liberem a importação da carne brasileira em breve.

As autoridades sanitárias chinesas afirmaram ao governo brasileiro que têm interesse na rápida retomada dos embarques, conforme apurou o Estadão. Visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à China está marcada para o dia 27 de março.

 

O é o principal destino da exportação da carne bovina brasileira, mais da metade do que é produzido no Brasil é vendido ao país.

Além da China, Tailândia, Irã e Jordânia também suspenderam temporariamente as importações da proteína brasileira. A Rússia embargou as compras de carne bovina exportadas pelo Estado do Pará. Esses governos ainda não se manifestaram após a confirmação do caso atípico.

Mato Grosso do Sul pediu retomada das exportações

Os impactos do caso do mal da vaca louca no Pará chegaram a Mato Grosso do Sul. As empresas no Estado que exportam para a China são a Naturafrig (Rochedo); FrigoSul (Aparecida do Taboado); e Agroindustrial (Iguatemi).

 

A China é o principal parceiro comercial de Mato Grosso do Sul e, em 2022, foi responsável pela aquisição de US$ 395,5 milhões e 61,5 mil toneladas de carne bovina do Estado.

Segundo o secretário da Semadesc, Jaime Verruck, mesmo sendo poucos frigoríficos no Estado, o embargo vai afetar os preços do boi gordo e consequentemente a renda dos produtores, já que a composição de preço do boi China tem um peso extremamente grande para o mercado.

“A decisão cria um impacto de redução na demanda internacional por carne. Então sobrará mais produto no mercado interno. Com isso o preço tende a cair. E além disso a remuneração do mercado China é superior ao mercado local e de outras localidades. Então isso faz com que tenha uma queda na remuneração dos produtores do Mato Grosso do Sul”, explicou na semana passada.

 

A Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul) previu, também na semana passada, cenário desfavorável para o setor, inclusive a nível estadual. Para a entidade, a tendência é de prejuízos para produtores devido ao aumento da oferta da carne no mercado interno e consequente queda no preço da arroba do boi.

“O problema está no impacto econômico que isso gera aos produtores, já que a tendência é mudança no preço da carne”, comenta o presidente da Associação, Guilherme Bumlai. De acordo com ele, ainda é cedo para mensurar porcentagem de variação de preços, no entanto, as mudanças são quase certas.