Foto: pixabay/geralt
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A economia global deve encolher quase 1% este ano devido à pandemia da COVID-19, e a produção mundial poderá recuar ainda mais se as restrições impostas às atividades econômicas se estenderem para o terceiro trimestre e se as respostas fiscais falharem em apoiar renda e gastos do consumidor.

A conclusão é de um novo relatório divulgado na quarta-feira (1) pelo Departamento das Nações Unidas para Assuntos Econômicos e Sociais (DESA, na sigla em inglês).

As crescentes restrições ao movimento de pessoas e quarentenas na Europa e na América do Norte estão afetando fortemente o setor de serviços, particularmente setores que envolvem interações físicas como comércio varejista, lazer e hospitalidade, serviços de recreação e transporte.

Coletivamente, eles representam mais de um quarto de todos os empregos nessas economias. À medida que as empresas perdem receita, é provável que o desemprego aumente acentuadamente, transformando um choque do lado da oferta em um choque mais amplo do lado da demanda para a economia.

A severidade do impacto econômico – seja uma recessão moderada ou profunda – dependerá amplamente da duração das restrições ao movimento de pessoas e atividades econômicas nas principais economias e do tamanho e eficácia reais das respostas fiscais à crise.

Segundo o relatório, um pacote de estímulo fiscal bem elaborado, priorizando os gastos em saúde para conter a propagação do vírus e fornecendo suporte de renda às famílias mais afetadas pela pandemia, ajudaria a minimizar a probabilidade de uma recessão econômica profunda.

“São necessárias medidas políticas urgentes e ousadas, não apenas para conter a pandemia e salvar vidas, mas também para proteger os mais vulneráveis ​​em nossas sociedades da ruína econômica e sustentar o crescimento econômico e a estabilidade financeira”, destacou Liu Zhenmin, subsecretário para assuntos econômicos e sociais da ONU.

O impacto econômico está se espalhando pelo mundo

Os efeitos adversos das restrições prolongadas às atividades econômicas nas economias desenvolvidas logo se espalharão para os países em desenvolvimento por meio de canais de comércio e investimento.

Um declínio acentuado nos gastos do consumidor na União Europeia e nos Estados Unidos reduzirá as importações de bens de consumo dos países em desenvolvimento.

Além disso, a produção global de manufatura pode se contrair significativamente, em meio à possibilidade de interrupções estendidas nas cadeias de suprimentos globais.

No pior cenário, o PIB global pode encolher 0,9% em 2020, em vez de crescer os 2,5% projetados. A produção mundial poderá se contrair ainda mais se as restrições impostas às atividades econômicas se estenderem para o terceiro trimestre do ano e se as respostas fiscais falharem em apoiar a renda e os gastos dos consumidores, alerta o relatório.

Em comparação, a economia mundial contraiu 1,7% durante a crise financeira global em 2009.

Queda do turismo e das exportações de commodities

Os países em desenvolvimento, particularmente aqueles que dependem do turismo e de exportações de commodities, enfrentam riscos econômicos elevados.

A parada repentina na chegada de turistas prejudicará os pequenos Estados insulares em desenvolvimento (SIDS, na sigla em inglês), uma vez que o setor de turismo emprega milhões de trabalhadores pouco qualificados.

E o declínio nas receitas relacionadas a commodities e uma reversão dos fluxos de capital estão aumentando a probabilidade de crises da dívida para muitas economias dependentes de matérias-primas.

Os governos podem ser forçados a reduzir os gastos públicos no momento em que precisam aumentar esses gastos para conter a pandemia e apoiar o consumo e o investimento.

Crise terá impacto adverso no desenvolvimento sustentável

A pandemia está afetando desproporcionalmente milhões de trabalhadores com salários mais baixos nos setores de serviços, que muitas vezes carecem de proteção trabalhista e atuam em estreita proximidade física com o público.

Na falta de apoio adequado à renda, muitos cairão na pobreza, mesmo nas economias mais desenvolvidas, agravando os já altos níveis de desigualdade.

O efeito do fechamento de escolas pode tornar a desigualdade educacional mais acentuada, com possíveis consequências a longo prazo.

O relatório constata que, à medida que a pandemia da COVID-19 se agrava, a ansiedade econômica profunda – alimentada por crescimento mais lento e maior desigualdade – está aumentando.

Mesmo em muitos países de alta renda, uma proporção significativa da população não possui riqueza financeira suficiente para viver além da linha de pobreza nacional por três meses.

Na Itália e na Espanha, países amplamente atingidos pela pandemia, estima-se que 27% e 40% da população, respectivamente, não tenha poupança suficiente para não trabalhar por mais de três meses.

Elliott Harris, economista-chefe da ONU e secretário-geral assistente de Desenvolvimento Econômico, disse: “embora seja necessário priorizar a resposta da saúde para conter a propagação do vírus a todo custo, não devemos perder de vista como isso está afetando a população mais vulnerável e o que isso significa para o desenvolvimento sustentável.”

“Nosso objetivo é garantir uma recuperação resiliente da crise e nos colocar de volta ao caminho do desenvolvimento sustentável.”

Fonte: Dourados Agora