Decisão de manter a Selic em 13,75% ao ano já era esperada, mas o comunicado do Copom indicando que a taxa pode não cair também nos próximos meses desagradou
Se antes apenas o presidente Lula (PT) e aliados próximos iam a público manifestar insatisfação em relação ao patamar da taxa básica de juros do Brasil, agora, além de grandes varejistas, o mercado financeiro também já emite sinais no mesmo sentido.
Segundo Lauro Jardim, do jornal O Globo, o problema não foi o Conselho de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidir manter a taxa em 13,75% nesta semana – o que já era esperado -, “mas uma parte expressiva dos grandes bancos e gestoras avalia que o comunicado emitido após a reunião deveria ter deixado uma porta aberta para a queda da taxa de juros no dia 2 de agosto, quando o Copom se reúne novamente”.
Um banqueiro de investimentos que defende a autonomia do Banco Central afirmou que a postura do Copom joga contra a própria autarquia. “A consequência deste comunicado é dar munição aos que não toleram a independência do Banco Central. O Campos está prestando um desserviço à instituição da autonomia do BC”.
Mesmo assim, a expectativa do mercado financeiro segue a mesma: os juros devem cair a partir de agosto ou setembro.
Outro banqueiro afirmou esperar que a ata do Copom – documento mais detalhado que o comunicado emitido logo após a decisão sobre a Selic – traga à luz um discurso mais moderado do Banco Central em relação aos juros. “O BC tem a chance de na ata botar o carro novamente na pista”.
Adepto da ideia de que o Banco Central deverá reduzir os juros em agosto, um outro banqueiro lembrou da indicação de Gabriel Galípolo pelo governo Lula (PT) para ocupar uma cadeira na diretoria do BC. “Vai ficar parecendo que foi a chegada dele ao BC é que forçou a queda [dos juros], o que não é correto”.