Mais de 10 mil profissionais do entretenimento exigem compensação pelo uso de suas obras no desenvolvimento da tecnologia
Mais de 10 mil artistas assinaram nesta quarta-feira (23.out.2024) uma carta aberta contra o uso não autorizado de obras para treinar sistemas de inteligência artificial (IA) generativa. Os signatários alertam que a prática pode comprometer a remuneração dos criadores de conteúdo.
Entre os nomes que endossam o documento estão:
- Julianne Moore, atriz vencedora do Oscar;
- Kevin Bacon, ator;
- Björn Ulvaeus, membro do ABBA;
- AURORA, cantora norueguesa;
- Thom Yorke, vocalista do Radiohead;
- James Patterson, escritor best-seller.
“O uso não autorizado de obras criativas para treinar IA generativa representa uma ameaça significativa e injusta à subsistência dos criadores dessas obras e não deve ser permitido“, afirma o documento.
A iniciativa foi liderada pelo compositor britânico Ed Newton-Rex, ex-executivo de empresas de IA. Ele argumenta que as companhias do setor utilizam conteúdo protegido por direitos autorais em seus treinamentos sem oferecer compensação adequada aos criadores originais.
O manifesto de Hollywood surge em um momento de intenso debate sobre regulamentação da IA. Em dezembro de 2023, a União Europeia aprovou a primeira legislação abrangente sobre o tema, o AI Act, que inclui disposições específicas sobre transparência no uso de obras protegidas por direitos autorais no treinamento de IAs generativas.
A preocupação com o uso de IA no entretenimento ganhou destaque em 2023, durante as greves dos roteiristas (WGA) e atores (SAG-AFTRA) de Hollywood. As paralisações, que duraram respectivamente 148 e 118 dias, resultaram em acordos que estabelecem proteções específicas contra o uso não autorizado de IA.
Entre as conquistas das greves, estão a obrigatoriedade de consentimento e compensação para o uso de imagem e voz de atores em réplicas digitais, além de garantias aos roteiristas de que a IA não poderá ser creditada como autora de roteiros nem usada para reescrever trabalhos existentes sem supervisão humana.