Generais podem ficar presos “pelo resto da vida” por envolvimento em golpe. Delação de Braga Netto é considerada improvável, mas há outros que podem falar
Militares avaliam que a publicação feita por Jair Bolsonaro (PL) em defesa do general Walter Braga Netto, que foi preso no final de semana, é um recado para que seu ex-ministro não delate sobre a trama golpista, informa a jornalista Andréia Sadi, do g1. “Como alguém, hoje, pode ser preso por obstruir investigações já concluídas?”, publicou Bolsonaro em suas redes sociais horas depois da operação que prendeu Braga Netto.
Na avaliação de investigadores, uma delação premiada do ex-candidato a vice-presidente é tida como possível, mas difícil, já que ele demonstra “lealdade militar” a Bolsonaro e colegas de farda. No entanto, os investigados pela tentativa de golpe estão sendo avisados do tempo que podem passar na cadeia e fazem as contas dos benefícios trazidos pela delação.
Em alguns casos, dependendo da idade, investigadores acreditam que os indiciados podem ficar presos “pelo resto da vida”. Braga Netto tem 67 anos, e seu suposto papel de liderança na tentativa de golpe e no plano para assassinar Lula (PT), Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), deve ser um agravante na sua pena.
Enquanto a delação de Braga Netto parece distante, a do general Mario Fernandes é considerada mais fácil por pressão da família, avaliam militares que o conhecem. O general poderia apresentar detalhes de seus encontros com Jair Bolsonaro e esclarecer se o presidente sabia do plano Punhal Verde e Amarelo, para assassinar autoridades.
Ministros do STF comparam golpistas ao PCC – Ministros do STF afirmam que estão surpresos com a extensão da gravidade das ações investigadas pela Polícia Federal. Na avaliação desses magistrados, já eram esperadas ações agressivas por parte da família Bolsonaro, mas a quantidade de generais e militares de carreira que se envolveram com a trama golpista e o planejamento de assassinatos é assustadora. “Se comportaram como gente do PCC e do Comando Vermelho”, disse um ministro do STF.