Porta-voz chinesa criticou os Estados Unidos por politizarem e usarem a questão da pandemia como instrumento de ataque contra outros países
A China descartou, nesta segunda-feira (27), a teoria de que a COVID-19 teria se originado de um vazamento acidental em laboratório, sugerida recentemente pela CIA. Em entrevista coletiva em Pequim, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Mao Ning, classificou a alegação como infundada e defendeu que o tema deve ser tratado com base científica, segundo reportagens da mídia estatal chinesa.
“A origem do coronavírus é uma questão científica e deve ser determinada por cientistas em um espírito científico. A hipótese de vazamento em laboratório é altamente improvável”, afirmou Mao, de acordo com o portal AA.
A declaração veio após novos relatos de que a CIA estaria apoiando a tese de que a pandemia poderia ter surgido devido a um acidente em laboratórios de alta segurança em Wuhan, e não por meio de transmissão natural em um mercado de animais na cidade. De acordo com essas informações, a agência norte-americana teria chegado à conclusão após uma análise mais detalhada das condições desses laboratórios antes do início do surto, em dezembro de 2019.
A porta-voz chinesa refutou as alegações e destacou as conclusões de uma investigação conjunta entre a China e a Organização Mundial da Saúde (OMS), realizada em 2021. Segundo o relatório da época, a possibilidade de um vazamento em laboratório foi considerada “altamente improvável”. Mao também ressaltou que essas conclusões foram amplamente aceitas pela comunidade científica e internacional.
“A equipe de especialistas da China e da OMS chegou a essa conclusão com base em visitas presenciais a laboratórios relevantes em Wuhan e trocas aprofundadas com pesquisadores científicos. Essa determinação tem sido amplamente reconhecida pela comunidade científica mundial”, acrescentou Mao.
A disputa em torno da origem da COVID-19 voltou a ganhar força com as recentes declarações da CIA – logo após a posse do presidente Donald Trump.
Além de descartar a teoria do vazamento, Mao Ning criticou os Estados Unidos por politizarem e usarem a questão como instrumento de ataque contra outros países. Ela pediu que Washington compartilhe dados de possíveis casos iniciais com a OMS e esclareça dúvidas sobre seus próprios laboratórios biológicos.
“O governo dos EUA deveria parar de politizar e instrumentalizar a questão da origem do coronavírus, parar de difamar outros países e transferir responsabilidades”, disse Mao. “Deve, em vez disso, responder às preocupações legítimas da comunidade internacional e fornecer dados sobre casos suspeitos iniciais, além de esclarecer questões relacionadas aos laboratórios biológicos americanos.”