“Todos já perceberam que os filhos são os mais frágeis portões do Palácio”, aponta o editor do Tijolaço
O presidente que se elegeu em nome da “Família Brasileira” está – que ironia! – desesperado com a ameaça de que venha a cair por causa da família, a família dele.
Logo após fechadas as urnas, a imagem do clã Bolsonaro começou a trincar, com as “rachadinhas” de Flávio, o Zero Um.
Agora, o Zero Dois, Carlos, e o Zero Três, Eduardo, estão encrencados com a Justiça; o primeiro, com a rede criminosa de Fake News – da qual sempre foi o general – e o segundo pelas manifestações golpistas que, como a de “um cabo e um soldado”, que deixaram de ser consideradas, óbvio, excentricidades imaturas.
Em condições normais, claro, seria absurdo inculpar alguém pelos atos dos filhos.
No caso de Jair Bolsonaro, porém, os filhos são a mais expressa tradução do que significa o pai e é por isso, mais do que por amor paternal, que ele reage com tanta agressividade e descontrole aos processos nos quais seus rebentos estão envolvidos.
No Estadão, explicita-se o que se já se percebera aqui:
Comandante do “gabinete do ódio”, Carlos não foi alvo da operação da Polícia Federal ocorrida na quarta-feira por determinação do relator do inquérito das fake news, ministro Alexandre de Moraes. A ofensiva, considerada “abusiva” pelo Palácio do Planalto, resultou na apreensão de documentos, computadores e celulares em endereços de 17 pessoas suspeitas de integrar uma rede de ataques a ministros do STF e na convocação de depoimento de oito deputados bolsonaristas.
A expectativa de integrantes do STF é a de que, se em um primeiro momento Moraes optou por focar nos tentáculos operacionais do “gabinete do ódio”, o filho do presidente da República deve ser atingido já na etapa final do inquérito, com o aprofundamento das investigações.
Ontem, o ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal, enviou ao procurador-geral da República, Augusto Aras, um pedido de investigação sobre Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) por “incitação à subversão da ordem política ou social previsto na Lei de Segurança Nacional”, por sua pregação golpista, o que vai exigir mais uma “saia justa” ao desgastado Augusto Aras, posto nu na praça com o aceno presidencial de uma cadeira no STF por sua sabujice.
Vai se fechando um evidente cerco sobre o presidente e isto logo chegará também ao Congresso, que não é, com certeza, adepto de abraços de afogados.
Todos já perceberam que os filhos são os mais frágeis portões do Palácio.
Fonte: Brasil 247