Ex-ministra do Meio Ambiente, que palestrou no evento, usou uma camiseta com a frase “na luta desde pirralha”, em referência ao ataque de Bolsonaro contra a ativista Greta Thunberg, de 16 anos, eleita como “pessoa do ano” pela revista Time
Nesta sexta-feira (13), último dia da Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, a COP-25, em Madri, na Espanha, a ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, usou uma camiseta em referência ao ataque feito pelo presidente Jair Bolsonaro contra a jovem ativista sueca Greta Thunberg.
“Na luta desde pirralha”, dizia a frase estampada na camiseta de Marina Silva, que discursou no evento.
Na última terça-feira (10), Bolsonaro criticou o destaque dado pela imprensa à adolescente de apenas 16 anos que vem liderando a luta por um maior comprometimento das nações com relação às mudanças climáticas. “É impressionante a imprensa dar espaço para uma pirralha dessa aí. Pirralha”, disparou o capitão da reserva. Greta, então, adotou o “apelido” em sua descrição do Twitter e, no dia seguinte, foi eleita como “pessoa do ano” pela revista Time.
Em meio à repercussão do ataque do presidente brasileiro, Marina Silva, que já estava na COP-25, chegou a pedir desculpas pelas declarações de Bolsonaro. “E eu queria iniciar fazendo um pedido de desculpas à Greta em nome de meu país, o Brasil. Pela forma como o presidente Bolsonaro desrespeitosamente e agressivamente se dirigiu a ela, chamando-a de pirralha, porque ela se solidarizou com os índios que foram assassinados no Brasil”, disse a ex-ministra em palestra proferida no evento na quarta-feira (11).
Prêmio Fóssil Colossal
Reconhecido como um dos países centrais na elaboração do Acordo de Paris na COP-21, em 2015, o Brasil passa por um momento bem ruim em matéria de diplomacia ambiental após a chegada do presidente Jair Bolsonaro ao comando. Criticado pelo aumento das queimadas e pelas postura anti aquecimento global, o país levou para casa o insólito troféu “Fóssil Colossal” no encerramento da COP-25.
“O prêmio foi dado ao Brasil porque o país deixou de ser referência na COP”, disse à TV Globo o ativista Kevin Buckland, porta-voz da Rede Internacional de Ação Climática (CAN), responsável pela “premiação”. “Nos últimos anos ele teve um trabalho excelente na redução de suas emissões, mas agora vemos surgir violações nos direitos humanos e a destruição em massa da floresta Amazônica”, completou.
O Brasil foi acusado de estar atuando junto dos Estados Unidos, da Austrália e da Arábia Saudita com o objetivo de frear os avanços na COP-25 depois de anos atuando como promotor de esforços coletivos para a proteção do meio ambiente. O ministro de Meio Ambiente da Costa Rica, Carlos Rodriguez, considerou “inaceitável” a postura desses países, dizendo que trataram de colocar em primeiro lugar questões econômicas.
Fonte: Revista Fórum