De acordo com documentos internos da Polícia Militar do Rio de Janeiro, manifestações contra Jair Bolsonaro são tratadas sempre como eventos com potencial de distúrbios e as mobilizações de seus apoiadores são vistas como inofensivas
Registros internos da Polícia Militar do Rio de Janeiro (PM-RJ) apontaram que a corporação associa a oposição a Jair Bolsonaro a atos de vandalismo. Manifestações contra ele são tratadas sempre como eventos com potencial de confusão e as mobilizações de seus apoiadores são vistas como inofensivas. O teor dos documentos foi publicado em reportagem do portal Uol.
De acordo com a PM, o uso de grande aparato policial, que envolveu batalhões de elite, é motivado pela “possibilidade de grande mobilização de manifestantes em virtude da convocação de adeptos dos partidos políticos opositores e anarquistas, com histórico em atos anteriores desse mesmo gênero, registros de confusões e depredação do patrimônio público”.
A forma de atuação da PM do Rio é inconstitucional, na avalição do sociólogo Renato Sérgio de Lima, presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). “A medida da polícia do Rio é frontalmente ilegal, porque trata a mesma ação [a organização de atos públicos] de dois grupos políticos de forma completamente diferente. Está discriminando oficialmente um grupo por sua orientação política e ideológica”, critica.
Deputado estadual e ex-ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc (PSB-RJ) disse que seu partido deve apresentar nas próximas semanas uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para questionar a legalidade das ações da PM.
“Nós do PSB recentemente conseguimos liminar no STF sobre operações policiais durante a pandemia. A próxima ação que vamos propor vai ser contra essa forma desigual de atuação em manifestações. Esses documentos mostram que a polícia, ao invés de servir à sociedade, pertence a uma fração que está no governo. O bolsonarismo tem uma de suas bases na polícia”, disse.
A PM do Rio afirmou que “dimensiona o planejamento das operações para acompanhar manifestações políticas com base em informações estratégicas e sigilosas, colhidas pelo setor de inteligência”.
Fonte: Brasil 247