“A vontade do presidente foi ignorada por decisão do STF, com apoio da rede Goebbels, repassada para prefeitos, governadores com decisões incoerentes e absurdas”, diz Milton Cardoso, da Band, usando nome do ministro nazista para se referir à Globo
Em ofensiva para se esquivar da responsabilidade sobre a política que levou o Brasil ultrapassar as 100 mil mortes pelo coronavírus, Jair Bolsonaro publicou em suas redes sociais na madrugada desta terça-feira (11) um vídeo em que o comentarista Milton Cardoso, da afiliada da TV Bandeirantes no Rio Grande do Sul, para culpar governadores pela desastrosa política de combate à Covid-19.
Apoiador de Bolsonaro, Milton Cardoso coleciona declarações para bajular o presidente e o governo e chegou a repetir Paulo Guedes, chamando servidores públicos de “parasitas” e atacando a Justiça do Trabalho em comentário para defender as posições do ministro da Economia.
No vídeo compartilhado por Bolsonaro, Milton Cardoso diz que “transformaram uma doença, uma pandemia, uma experiência inédita em politicagem”, antes de reforçar a tese do presidente, de que o Supremo Tribunal Federal (STF) tirou “os poderes do chefe da nação”.
“O preço está aí: desemprego, miséria, suicídio, empresas e comércios fechando as portas, violência doméstica, pedofilia, presos sendo libertados, tudo em nome do coronavírus, com o clichê para salvar vidas”, diz Cardoso, afirmando que Bolsonaro sempre foi contra “o famoso lockdown” e defendia o isolamento vertical.
“A vontade do presidente foi ignorada por decisão do STF, com apoio da rede Goebbels, repassada para prefeitos, governadores com decisões incoerentes e absurdas”, diz o comentarista da Band, usando o nome do ministro nazista da propaganda para se referir à Globo.
Ofensiva
Nesta segunda-feira (10), quando o Brasil bateu as 101.752 mortes pelo coronavírus, Bolsonaro decidiu dar uma volta, sem máscara de proteção, e comer churrasquinho, enquanto o Planalto lançava uma ofensiva para culpar prefeitos e governadores pelas vítimas da Covid-19.
Um documento elaborado no Palácio do Planalto foi distribuído a parlamentares e políticos da base aliada para que eles defendam o presidente da culpa pelas mortes no coronavírus.
O documento traz em destaque os nomes de governadores e prefeitos – todos eles desafetos do presidente – das regiões com maior número de casos e óbitos por Covid-19.
O topo é ocupado por São Paulo, com 13.352 novos casos, identificado com o nome do governador João Doria (PSDB) ao lado.
O estado, que é o mais populoso do país, também aparece na frente do ranking de novos óbitos. O relatório não traz, porém, nenhuma observação de que são números absolutos – desconsiderando, portanto, a taxa de mortos e casos por 100 mil habitantes.
Em seguida a São Paulo, aparecem no ranking de novos casos Rio Grande do Sul, Bahia, Minas Gerais e Santa Catarina, também com destaque para os governadores – respectivamente, Eduardo Leite (PSDB), Rui Costa (PT), Romeu Zema (Novo) e Comandante Moisés (PSL). No caso deste último, porém, apenas a palavra “comandante” aparece no documento.
O relatório também traz um “top 5” dos municípios com total de casos confirmados. O município de São Paulo, chefiado pelo prefeito Bruno Covas (PSDB). Em seguida, estão Brasilia, Rio de Janeiro, Salvador e Fortaleza.
Em todos os municípios, o documento traz os nomes dos prefeitos locais – exceto no caso de Brasília. Sem prefeito, a cidade é regida pelo governador Ibaneis Rocha (MDB), que tem se alinhado a Bolsonaro em declarações recentes.
Fonte: Revista Fórum