Colunista do Globo também questiona por que Michelle Bolsonaro recebeu dinheiro de Fabrício Queiroz e condena Jair Bolsonaro por, em vez de responder aos escândalos de corrupção na família, avançar com um projeto autoritário e populista
A jornalista Miriam Leitão, que apoiou o golpe de estado contra a ex-presidente Dilma Rousseff a partir da fraude jornalística e histórica das “pedaladas fiscais”, hoje lamenta que o Brasil esteja sob o comando de um líder autoritário, que ameaça “dar porrada” em jornalistas e também transformar o Brasil em nova Venezuela. Mais do que isso, ela também acusa a Economia, sob o comando de Paulo Guedes, de ajudar a cimentar o populismo.
“A pessoa pública deve prestar contas e esclarecer zonas de sombra e dúvidas. É inerente aos cargos que ocupam. Não há motivo aparente para que Fabrício Queiroz e sua mulher Márcia façam depósitos na conta de Michelle Bolsonaro. Eles eram funcionários do gabinete do filho mais velho do presidente. O caso todo é uma coleção de dúvidas. Os excessos de depósitos em espécie na conta de Flávio Bolsonaro, os funcionários fantasmas que ocupavam aquela folha salarial, ter parentes do miliciano Adriano da Nóbrega entre esses falsos servidores. De um lado, o senador Flávio Bolsonaro em vez de se explicar, faz chicana. De outro, o presidente da República, em vez de responder, ameaça de agressão física o jornalista que perguntou. Mais de um milhão de tuítes repetiram a mesma pergunta e ela permanece no ar. Por que aqueles depósitos foram feitos na conta da mulher do presidente?”, questiona Miriam, em sua coluna.
“Quando Bolsonaro moderou o tom não foi por ter entendido o decoro do cargo, mas porque teve medo. Ele submergiu logo após Queiroz ter sido encontrado na casa do advogado Frederick Wassef que defendeu o presidente e era advogado de Flávio quando abrigou a peça-chave para esclarecer o que se passava no gabinete do agora senador”, aponta ainda a jornalista.
Em outro trecho, Miriam aborda o processo de “venezuelização” do Brasil e a guinada populista de Paulo Guedes. “Bolsonaro tem usado as Forças Armadas no mesmo estilo de Hugo Chávez. Como Chávez, ele chegou ao governo pela via democrática, como o ex-ditador venezuelano ele também não tem apreço pelas instituições democráticas. Na Venezuela, o orçamento privilegiou os gastos da Defesa para costurar essa lealdade militar. Essa história não terminou bem lá, não terminará bem aqui, a menos que o país se defenda de um jogo já conhecido. O passo agora é usar os recursos públicos para cimentar seu populismo. Na Venezuela foi assim também. O dinheiro dos nossos impostos deve chegar a quem mais precisa, mas não pode ser apresentado como doação do líder magnânimo às massas. Contudo, é para sustentar essa visão que se trabalha no governo em todas as áreas, inclusive na economia.”
Fonte: Brasil 247